sábado, 10 de novembro de 2012

Riqueza sem maldade não existe

Riqueza sem maldade não existe

Nem todo rico é mau, mas não existe riqueza sem maldade. De qual maldade falamos? Da malícia competitiva, da angústia de egos gigantescos, da nebulosidade, dos tênues fios que separam éticas. Numa discussão sobre esse eterno tema, a ética, falávamos num debate que a ética do leão é comer a zebra, e que isso não parece ser nada ético para as zebras.

Recentemente, vários meios de comunicação e só para servir de estímulo ao debate, deram a notícia de que o herdeiro Saul Klein, das Casas Bahia, um império de R$ 14 bilhões anuais de faturamento , deixava a sociedade. As matérias citavam uma fonte próxima da família, colocando entre aspas : "Eles são extremamente ambiciosos (os dois irmãos herdeiros, Saul e Michael ), e espertos. Por isso, fica difícil a convivência !" A história das riquezas, quando não as geradas através dos grandes assaltos imperiais, quando mesmo aquelas vistas no puro "empreendedorismo virtuoso capitalista", para poderem existir computa-se um vigor destemido dos seus fundadores,um procedimento religioso, obcecado, obstinado pelos resultados, uma força pressionadora brutal sobre empregados, fornecedores, redes de distribuição. Estas forças humanas descomunais precisam vir acompanhadas de gigantescos " Mefistos ", artistas que revestem a volúpia pelo poder em atrativos jogos lúdicos do consumo. Para transcender o tempo, a riqueza precisa enfrentar obstáculos consideráveis, forças da ilegalidade que buscam através da pirataria comer pedaços da sua gordura baleeira, precisam estar reinventando-se o tempo inteiro, criando redes descomunais de cientistas e cooptando setores novos, contestadores e afluentes da sociedade. A riqueza para viver, exige ampliar-se politicamente. Clama por conhecer em profundidade os jogos sujos da saga humana na Terra. Gladiadores em eternos combates nas arenas da realidade, são os ricos, são os que adquirem fama e poder. A força centrípeta atua como um buraco negro gravitacional.
Não pode existir felicidade onde está concentrada a riqueza. E não pode existir riqueza sem a motivação da felicidade que a cria. Ricos e famosos têm alternativas através da doação de parte de suas riquezas para fundos de pesquisa e de projetos grandiosos do bem humano. Ricos, famosos e poderosos têm caminhos se conseguirem desenvolver a capacidade das virtudes e de saber sair. Ricos, famosos, poderosos, quando voltarem para dentro de si mesmos, ao término da jornada na Terra, se conseguirem distribuir os pedaços do herói que descobriram na caminhada poderão finalmente dizer que tudo isso valeu a pena. Caso contrário, o cálice de ouro com que beberão seu último gole de vinho caro não será em nada diferente da cola cheirada pela criança numa esquina da Praça da Sé. Será apenas mais sujo, um amargo sabor de um ego que não consegue entender o que está acontecendo.
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