Liderança e Motivação
|
Janeiro 1-, 2012 - 07: 1
Comprometimento exige contrapartida     
Nas relações profissionais ninguém se compromete com algo
que não lhe traga benefício pessoal, ou pelo menos a expectativa
concreta disso. O engajamento em qualquer tipo de projeto ocorre
exclusivamente quando alinhado com o compromisso original que temos com a
nossa própria vida, seja no aspecto financeiro ou ideológico.
Comprometimento nessa área não está relacionado a sentimentos como o
orgulho corporativo – que é consequência e não fator -, mas ao
custo/benefício verificado em cada situação. É assim a natureza humana e
como as coisas funcionam. Errado está quem espera um processo diferente
deste.
“Vestir a camisa da empresa”, portanto, depende necessariamente do
funcionário e da sua família perceberem que têm retorno dentro de casa.
Na ausência desse requisito, esquece...
Voltei a pensar nisso esses dias quando assisti, durante uma pesquisa
sobre comunicação interna, a um vídeo ridículo de uma campanha
motivacional em uma empresa de telemarketing. É constrangedor. Está
claro pelo conteúdo e pelo que se vê do ambiente que ao invés de buscar,
dentro de um limite suportável, melhorar as condições de trabalho da
galera e aí então fazer uma campanha de valorização, os donos apostaram
tudo na capacidade de animadores profissionais fazerem com que seus
funcionários “encontrem um sentido”.
Observei também variações do estratagema com empresas praticando o mesmo
proselitismo de forma mais sutil e elaborada. Nesses casos o engodo vem
camuflado com suposto bom gosto. Parece diferente, mas é igual.
É claro que a estratégia não funciona como demonstra a qualidade (falta
dela) do serviço que os telemarketings nos oferecem. E a culpa não é dos
atendentes.
Na verdade esse tipo de ação – que a plateia sabe ser uma embromação, já
que a falta de diploma não implica em burrice - tem efeito contrário. É
tomado como um insulto à inteligência (“estão me zuando”) e faz o
sujeito se comprometer sim, mas em encontrar rapidamente outro emprego. E
desejar que a empresa e seus donos tenham uma rápida viagem rumo ao...
Comunicação com os funcionários só funciona com lastro. Ela complementa e
multiplica os resultados de uma ação real, fazendo com que a
contextualizem e a valorizem. Porém não tem a capacidade de convencer a
audiência a acreditar em algo que ela sabe pela experiência diária que
não existe ou que não vai acontecer. Isso é enganar. Pode dar certo por
um tempo, mas não o tempo todo.
E o principal. Não existe conversa mole – mesmo com esmerado
planejamento estratégico e design premiado em Cannes - que faça o
sujeito produzir mais sem uma contrapartida compatível. Quem insiste em
ignorar esse princípio estimula um ambiente de convivência bem descrito
pelo ex-jogador Vampeta, que dispensou a linguagem corporativa: “Eles
fingem que nos pagam e a gente finge que treina”. É a enganação de mão
dupla.
Vinícius Antunes
vinicius@ideiaeconteudo.com.br
www.ideiaeconteudo.com.br
|
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário