O talento educa-se na paciência
20 de setembro de 2012 por room4d

As manifestações comportamentais apresentadas pelos gestores eram as mais variadas: agiam antes da hora, não toleravam um ritmo lento ou os processos desajeitados dos demais, não investiam tempo para ouvir ou compreender, pensavam que quase tudo tinha de ser feito mais depressa e em menos tempo, interrompiam os moderadores das reuniões com sua necessidade de terminar sempre antes, também interrompiam e terminavam frequentemente as frases dos outros e, muitas vezes, faziam suas próprias regras (sem esperar os outros). Alguns eram considerados egocêntricos (do tipo “faça do meu jeito e no meu ritmo”), outros davam a impressão de ser arrogantes, desinteressados ou mesmo sabe-tudo. Alguns eram orientados para a ação e opunham resistência à complexidade dos processos e problemas; outros se precipitavam para conclusões, em vez de refletir sobre os assuntos.
Veja, muitas pessoas têm orgulho de dizer que são impacientes e pensam que isso é sinônimo de alto desempenho e orientação para resultados. Isso é verdade apenas de vez em quando, principalmente quando os resultados estão atrasados ou os padrões são relaxados. Porém, em muitas situações, a impaciência é uma máscara para outros problemas e tem consequências sérias no longo prazo. Leva ao gerenciamento excessivo, a não desenvolver os demais, a canalizar apenas as suas soluções na organização, a monitorar demais e – finalmente – a afastar as pessoas com sua falta de tolerância.
Se, assim como eles, você se encaixa nessa descrição, compartilhamos a seguir algumas dicas fundamentais para iniciar uma jornada de transformação pessoal que neutralize esse tipo de atitude e permita que a paciência aflore numa proporção mais adequada:
1. Ouça ativamente. Sujeitos impacientes interrompem, terminam a frase dos outros quando estes hesitam, pedem às pessoas que se apressem; nas apresentações solicitam que pulem alguns slides e cheguem logo à conclusão, insistem para os outros não façam rodeios etc. Todos esses típicos comportamentos de alguém impaciente deixam os demais intimidados, irritados, desmotivados e frustrados, o que resulta em interações incompletas, relações danificadas, certa sensação de injustiça e humilhação durante todo o processo de comunicação. E tudo isso para quê? Para economizar alguns minutos preciosos do seu tempo? Fala sério! Adicione já cinco segundos ao seu tempo atual de “reação/interrupção”, até que pare de se comportar assim na maior parte do tempo. Aprenda a pausar para dar uma segunda chance aos demais. Conscientize-se: as pessoas geralmente se perdem nas palavras quando estão falando com alguém impaciente, apressando-se antes da primeira ou da próxima interrupção.
2. Atente para os sinais não-verbais. Obviamente os sujeitos impacientes dão sinais de falta de paciência durante seus discursos e suas atitudes, mas também sinalizam isso de forma não-verbal. Sobrancelhas cerradas, agitação corporal, dedo ou lápis batucando na mesa e, para completar, olhares furiosos. O que você pode fazer? Pergunte aos colegas em que mais confia quais são seus cinco sinais de impaciência mais frequentes. Trabalhe neles a fim de neutralizá-los.,
3. Cabeça fria. Sempre. Os sujeitos impacientes querem tudo para ontem. Ou melhor, anteontem. Não querem esperar. Às vezes, a falta de paciência vira perda de compostura. Quando as coisas não andam na velocidade desejada, tudo acaba num maremoto emocional. Acesse o post “Lidando com as ameaças: dez dicas para não perder a compostura”, para se aprofundar nessa dica.
4. Identifique quem o deixa impaciente. Algumas pessoas provavelmente o deixam mais impaciente que outras. Quem são elas? O que fazem que o deixam nesse estado? Será o ritmo? O idioma? O raciocínio? O sotaque? Esse conjunto de pessoas pode incluir quem você não gosta, quem “viaja na maionese”, quem reclama ou mesmo quem bate na mesma tecla, tentando defender coisas que você já deixou para trás. Treine mentalmente algumas táticas para se acalmar antes de uma reunião com elas. Tente entender suas posições sem julgá-las (julgue-as mais tarde). Faça com que essas pessoas se concentrem nas questões a ser discutidas, não permita que saiam do tema central. Se for necessário, interrompa para resumir e dar a sua opinião. Tente treiná-las para que se tornem mais focadas e eficientes da próxima vez que interagirem com você (mas sem prejudicá-las durante o processo).
5. Vigie de perto a sua arrogância. Quem possui uma qualidade que o destaque dos demais ou alcança um patamar significativo de êxito ou infelizmente recebe menos feedback. Portanto, continua passando por cima dos demais até sua carreira correr sério perigo. Se você é arrogante e desvaloriza quem tenta ajudá-lo, sinceramente deveria fazer um esforço redobrado para interpretar e ouvir os demais. Não precisa assimilar tudo, basta ouvir antes de reagir. Afinal, precisa acabar com a atitude do “o que eu quero/penso” e passar a se perguntar: “O que eles estão dizendo? Como estão reagindo?”.
6. Invista na receptividade e na acessibilidade. Sujeitos impacientes não recebem tanta informação quanto os que ouvem ativamente. E geralmente se surpreendem com os acontecimentos que os outros já previam. Não é de estranhar, afinal, as pessoas hesitam ao falar com quem é impaciente. É muito difícil. Elas não falam com os impacientes sobre seus pressentimentos, pensamentos inacabados, hipóteses e possibilidades. Portanto, você ficará de fora e não terá acesso a dados importantes que precisa para se tornar mais eficaz… Não julgue as comunicações informais. Apenas as receba. Mostre que entendeu. Faça uma ou duas perguntas. E acompanhe o caso mais tarde.
7. Desacelere. Os demais nem entenderam direito o problema, e os impacientes já estão dando respostas, soluções e chegando a conclusões muito cedo. Dar soluções de forma acelerada fará com que os demais fiquem dependentes e irritados. Se você não ensiná-los como pensar e como encontrou uma solução tão rapidamente, eles nunca vão aprender. Não se apresse para definir realmente o problema. Não despeje as soluções impacientemente. Faça um brainstorming para descobrir quais perguntas precisam ser respondidas para resolver o problema. Dê ao seu pessoal a tarefa de pensar sobre o assunto durante um dia e voltar com algumas soluções. Seja um professor, e não um ditador de soluções. Invista no autoconhecimento. Faça um diário do que causou o seu comportamento e quais foram as consequências observadas. Aprenda a detectar e controlar seus desencadeadores (antes de ficar em maus lençóis).
8. Pare de fiscalizar frequentemente. Os impacientes verificam tudo com muita frequência. Como estão as coisas? Já terminou? Vai terminar quando? Deixe-me ver o que já fez… Isso é um inconveniente para o devido processo e desperdiça tempo. Quando distribuir uma tarefa ou atribuir um projeto, estabeleça pontos de verificação prévios. Você também pode criar pontos de checagem com base no percentual do trabalho concluído. “Venha falar comigo quando concluir 25%, assim poderemos fazer correções no meio do caminho, e, depois, quando concluir 75%, para fazermos as correções finais.” Deixe-os descobrir como fazer a tarefa. Segure-se para não verificar o trabalho fora do cronograma e dos percentuais estabelecidos previamente.
9. Deixe os demais resolver. Olhe mais para as soluções dos demais. Provoque discussões e divergências, receba as más notícias de braços abertos e peça para os demais apresentarem a segunda e terceira soluções que encontraram. Um truque útil é atribuir questões e perguntas antes mesmo de pensar nelas. Duas semanas antes de tomar uma decisão, peça ao seu pessoal para examinar uma questão e dar um retorno dois dias antes de você ter de lidar com o assunto. Dessa maneira, você ainda não terá nenhuma solução. Isso motiva bastante o pessoal e o faz parecer menos impaciente.
10. Não transforme a falta de paciência numa barreira para o desenvolvimento de sua equipe. Descubra como as pessoas realmente se desenvolvem. Com sua impaciência, o mais provável é que você não vá desenvolver nenhuma habilidade nos demais, já que o desenvolvimento não funciona em curtos períodos e com uma supervisão de perto. Como você verá no post publicado (“Acima e avante! Desenvolvendo os colaboradores diretos”), tarefas desafiadoras, dar feedback durante o percurso e incentivar o aprendizado são pontos primordiais. Pessoas impacientes raramente desenvolvem os demais.
Para essas e outras habilidades, conte comigo.
Pablo
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