segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Introdução a psicologia as emoções


Introdução à Psicologia

As Emoções

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Resumo: O presente artigo incidiu sobre o estudo das Emoções, descrevendo de forma breve, os principais tópicos sobre o tema. A elaboração desse trabalho tem como objetivo, uma breve abordagem sobre algumas teorias das Emoções, a descrição de algumas definições e classificações das emoções, bem como alguma de suas funções. 
Palavras-Chave: Emoções, Definições, Classificação, Teorias das emoções.

Introdução

As emoções tem sido um tema de muitas pesquisas ao longo dos últimos anos, e o seu estudo vem se tornando importante devido à necessidade cada vez maior de compreender e controlar as atuais patologias associadas ao aspecto emocional. Por ser um tema presente e marcante na vida humana, esse assunto sofreu um grande avanço nos últimos anos e seu estudo constitui um domínio particularmente interessante nas áreas Sociais e Humanas. A psicologia diz que o ser humano traz ao nascer algumas emoções básicas como o medo, a tristeza, a raiva e a alegria. Todas elas têm uma função importante em nossas vidas, principalmente no que diz respeito à sobrevivência da espécie. O estudo das emoções tem sido um assunto apaixonante e envolvente, apresenta diversas reflexões, que apontam a emoção numa interação relacional humana, ou seja, das emoções como processo adaptativo da pessoa ao ambiente, bem como um processo adaptativo do homem aos contextos dinâmicos sociais. As emoções foram ignoradas por muito tempo até mesmo por filósofos e pesquisadores das ciências em detrimento da razão ou do pensamento lógico. Elas eram consideradas processos menos importantes, primitivos e até mesmo indicadores patológicos.

Objetivo

O presente artigo tem por objetivo uma breve revisão sobre o estudo das Emoções, os tópicos que considero essenciais para uma abordagem introdutória, a fim de fornecer contributos para um referencial teórico, localizando reflexões sobre as temáticas das emoções, bem como uma revisão de conceitos das mesmas e uma sucinta análise das principais teorias da Emoção.

1 Definições De Emoção

Como pode ser entendida a emoção?
Pinto defende:
A emoção é uma experiência subjetiva que envolve a pessoa toda, a mente e o corpo. É uma reação complexa desencadeada por um estímulo ou pensamento e envolve reações orgânicas e sensações pessoais. É uma resposta que envolve diferentes componentes, nomeadamente uma reação observável, uma excitação fisiológica, uma interpretação cognitiva e uma experiência subjetiva (2001).
Por seu lado, Goleman disse:
Quanto a mim, interpreto emoção como referindo-se a um sentimento e aos raciocínios aí derivados, estados psicológicos e biológicos, e o leque de propensões para a ação. Há centenas de emoções, incluindo respectivas combinações, variações, mutações e tonalidades (1997).
Uma definição de emoção, numa simplificação do processo neurobiológico, conforme Damásio diz que consiste numa variação psíquica e física, desencadeada por um estímulo, subjetivamente experimentada e automática e que coloca num estado de resposta ao estímulo, ou seja, as emoções são um meio natural de avaliar o ambiente que nos rodeia e de reagir de forma adaptativa (2000).

1.1 - Emoções e Sentimentos

Verifica-se que muitas vezes, uma confusão conceitual entre sentimentos e emoções, pois são dois processos que se relacionam, no entanto são diferentes entre si, e são usados de certa forma como se fosse o mesmo conceito.
Segundo Damásio, o que distingue essencialmente sentimento de emoção é: enquanto a primeira é orientada para o interior, o segundo é eminentemente exterior; ou seja, o indivíduo experimenta a emoção, da qual surge um “efeito” interno, o sentimento. Os sentimentos são gerados por emoções e sentir emoções significa ter sentimentos. Na relação emoção / sentimento, Damásio diz ainda que apesar de alguns sentimentos estarem relacionados com as emoções, existem muitas que não estão, ou seja, todas as emoções originam sentimentos, se estivermos atentos, mas nem todos os sentimentos provêm de emoções (2000).

2 Classificação Das Emoções

Na classificação das emoções, Antonio Damásio as divide em primárias e secundárias. As primárias são inatas, evolutivas e partilhadas por todos, enquanto as secundárias são sociais e resultam da aprendizagem.

2.1 Emoções Primárias: o medo, a raiva, a tristeza e a alegria.

Para Ballone as emoções primárias são inatas e estão ligadas à vida instintiva, à sobrevivência. Haverá concomitante contração generalizada dos músculos flexores, sendo possível adotar-se uma atitude regressiva fetal, vasoconstricção periférica, palidez da face e esfriamento das extremidades, com brevíssima parada dos movimentos respiratórios e dos batimentos cardíacos (2005).
 De acordo com Abreu, as emoções primárias podem ser adaptativas ou desadaptativas.  Emoções Primárias Adaptativas são: raiva, tristeza e medo. Tais emoções possuem uma relação com a sobrevivência e ao bem-estar psicológico. São aquelas rápidas quando aparecem e mais velozes ainda quando partem. As Emoções Primárias Desadaptativas, são as emoções das quais as pessoas lamentam tê-las expressado de maneira tão intensa ou equivocada e freqüentemente se arrependem (2005).

2.2 Emoções Secundárias (ciúme, inveja, vergonha)

São estados afetivos de estrutura e conteúdos mais complexos que as primárias. Na realidade as Emoções Secundárias, embora levem o nome de "emoções", já se constituem em Sentimentos Sensoriais.
Abreu afirma que:
As emoções secundárias são aquelas que, ao atingirem a amídala e produzirem uma emoção, sofrem a influência e o possível domínio do córtex cerebral, mudando sua natureza primária. Neste sentido, estas emoções tornam-se respostas ou evitações (intelectualizadas) às emoções primárias (2005).
Diz ainda Abreu:
As emoções secundárias tornam-se então uma categoria de emoções usadas pelo indivíduo para se proteger das primárias que muitas vezes são vergonhosas, ameaçadoras, embaraçosas ou dolorosas por natureza. Por exemplo: uma pessoa pode estar se sentindo deprimida, mas sua depressão pode estar encobrindo um sentimento primário de raiva. Aparecem freqüentemente quando ocorrem as tentativas (fracassadas) de controle ou julgamento das emoções primárias – ou seja, quando se procura evitar ou negar aquilo que se está sentido, acaba-se por sentir-se mais mal ainda. É assim que se tornam desadaptativas, pois levam o indivíduo a se autodesorganizar (2005).

3 Funções das Emoções

Para Damásio a emoção tem duas funções biológicas: A primeira produz  uma reação específica para a situação indutora e a segunda função é de Homeostase, regulando o estado interno do organismo, visando essa reação específica. Ou seja, as emoções são a forma que a natureza encontrou para proporcionar aos organismos comportamentos rápidos e eficazes orientados para a sua sobrevivência.
De acordo com Newen, as emoções cumprem funções de grande importância. Podemos citar quatro delas: Prepara-nos e motiva-nos para ações;  possibilita avaliarmos os estímulos do ambiente de maneira extremamente rápida, ajuda  no controle das relações sociais; são formas de expressão típicas que indicam aos outros as próprias intenções (quando alguém sorri para nós, automaticamente supomos que tem uma postura amigável) (2009).
Segundo Ballone, essas emoções são capazes de mobilizar o Sistema Nervoso Autônomo, órgãos e sistemas. Conclui-se que, as emoções influenciam a saúde não apenas em decorrência da psico-neuro-fisiologia, mas também através de suas propriedades motivacionais, através de condutas saudáveis, tais como os exercícios físicos, a dieta equilibrada, etc (2007).

4 A Neurobiologia das Emoções

As emoções são respostas neurológicas e fisiológicas a estímulos (externos e internos), coordenados pelo próprio pensamento que envolve as estruturas do sistema límbico. Os estudos na área neurológica vêm crescendo e as pesquisas têm confirmado a relação somática com o centro das emoções.
Segundo Vaitsman
A investigação do cérebro humano está ajudando a redefinir a origem das emoções e a contestar duas idéias estabelecidas. Uma dessas idéias diz que a personalidade é inteiramente formada no transcurso das experiências de vida. A outra garante que a origem de todas as nossas emoções está no inconsciente, ou seja, num conjunto de processos psíquicos que atuam sobre o comportamento, sem o controle da consciência (1998).
De acordo com Vaitsman, os alicerces da vida emocional começam no cérebro e se estendem ao sistema imunológico. Pesquisas feitas pelos neurocientistas Antonio Damásio e Joseph LeDoux, indicam que a maioria das emoções - como a raiva e o medo - têm origem bioquímica. As pesquisas de LeDoux sobre o funcionamento cerebral explicam, por exemplo, que alguém seja capaz de detectar o perigo antes mesmo que uma situação de ameaça aconteça. Isso significa que a reação bioquímica é anterior a emoção (1998).
O ser humano possui em seu cérebro uma estrutura chamada de sistema límbico, responsável pelas emoções e sentimentos. O sistema límbico, quando recebe um estimulo, sensitivo (Audição, paladar, visão, olfato), envia essas “informações” para o tálamo e  hipotálamo que elabora respostas aos estímulos através do sistema endócrino e do sistema nervoso autônomo. Automaticamente produzem repostas, ativando esses sistemas, e então temos um estado, que são as emoções e sentimentos manifestos. Sistema Límbico é o nome dado às estruturas cerebrais que coordenam o comportamento emocional e os impulsos motivacionais e é formado por diversas estruturas localizadas na base do cérebro.
De acordo com Ballone, os sentimentos e emoções, como amor, alegria, ódio, pavor, ira, paixão e tristeza tem origem no Sistema Límbico. Chama-se circuito de Papez a porção do Sistema Límbico relacionada às emoções e seus estereótipos comportamentais. Na década de 30, o neurofisiologista Papez propôs que componentes do Sistema Límbico mantinham numerosas e complexas conexões entre si. Este Sistema é responsável também pelo aspectos da identidade pessoal e por funções ligadas à memória (2005).

5 Teorias das Emoções

A emoção tem sido objeto de várias teorias formuladas desde a antiguidade, cada teoria é defendida por grupos de cientistas, que possuem grandes variações entre elas. De qualquer forma, conhecer algumas destas teorias é importante para nos ajudar a ter uma idéia geral das emoções. As emoções constituem um aspecto muito complexo do ser humano e são objetos de várias interpretações que se organizam em várias perspectivas.
Algumas formulações tiveram início do século passado, e é interessante observarmos que a maioria delas tinha um caráter fisiológico, e também de forma evidente, nenhuma delas foi capaz de abordar todos os aspectos das emoções.

5.1 Perspectiva Evolutiva Sobre as Emoções

A primeira teoria sobre as emoções surge no Século XIX, em 1872, onde Darwin dedicou-se ao estudo das emoções, tanto no Homem como nos animais, chegando à conclusão de que as emoções ou a sua expressão, era algo inato a ambos. A fim de reforçar a idéia que já tinha de uma origem comum, levantou a questão da utilidade da expressão das emoções para a sobrevivência dos indivíduos. Darwin identificou seis emoções inatas ou universais - alegria, tristeza, surpresa, cólera, desgosto e medo, que serviriam como uma ferramenta para ajudar o indivíduo e a sua comunidade a sobreviverem (através da observação dos sinais emitidos pela expressão das emoções).
Segundo Rudge:
Darwin considera que as expressões de emoções são um universal humano, assim como assinala certas similaridades entre a expressão emocional no homem e em outros mamíferos. Assim, visa indicar que o comportamento expressivo humano é, do mesmo modo que sua anatomia e fisiologia, fruto da evolução (2005).
Rudge diz ainda que:
Segundo Darwin, a expressão de emoções são movimentos e ações expressivos típicos, que se fixaram na espécie ao longo da evolução.  Esses movimentos que foram repetidos inúmeras vezes, por serem úteis para obter gratificação ou alívio, tornaram–se tão habituais que se repetem quando a mesma sensação é sentida, mesmo quando sua utilidade não mais existe. Os movimentos pelos quais as emoções se expressam são involuntários, e os mais importantes deles são inatos e herdados. Entretanto, em momentos anteriores da evolução da espécie, eles foram executados muitas vezes voluntariamente e com um objetivo apropriado (2005).

5.2 Perspectiva Fisiológica das Emoções

No final do século XIX surgiu a primeira teoria das emoções, desenvolvida pelo psicólogo americano William James e pelo dinamarquês Carl Lange. Trabalhando de forma independente, os dois pesquisadores postularam que a característica central das emoções, ou seja, de nossa experiência subjetiva particular, está relacionada aos processos fisiológicos (NEWEN, 2009, p.38).
Segundo Newen, na teoria James-Lange, as emoções são o resultado de estados fisiológicos desencadeados por estímulos ou situações ambientais. Eles postulam que não choramos porque estamos tristes, mas ficamos tristes porque choramos. Uma pessoa sente medo porque o seu corpo respondeu com determinadas reações fisiológicas a uma situação. A percepção do estado de nosso próprio corpo: são simplesmente aquilo que experimentamos quando esse estado se altera devido a acontecimentos do meio ambiente (2009).
Resumindo, perante uma situação de emergência, primeiro o homem reage e foge e é por fugir que sente medo. De acordo com William James, o que diferencia as emoções é que cada uma delas esta relacionada a percepção de transformações corporais. Esta teoria é conhecida como teoria de James-Lange, porque essa mesma teoria era defendida por Carl Lange.
James declarava que quando um indivíduo é afetado por um estimulo, sofre alterações fisiológicas perturbadoras, como falta de ar, palpitações, angústia e etc. O reconhecimento desses sintomas é que vai gerar emoção no indivíduo.
A teoria de James-Lange recebeu críticas do fisiologista Walter Cannon, que em 1927 propôs uma teoria alternativa, baseando-se nas investigações de Philip Bard. De acordo a teoria de Cannon-Bard, as emoções têm origem no cérebro, ocorrem ao mesmo tempo que as reações fisiológicas, mas não são causadas por estas. Segundo essa Teoria, os estímulos emocionais têm dois efeitos excitatórios independentes: Provocam o sentimento da emoção no cérebro bem como a expressão da emoção no sistema nervoso autônomo e somático. Tanto a emoção como a reação a um estímulo seriam simultâneos. Assim, numa situação de perigo, o indivíduo perante um estímulo ameaçador sente primeiro medo e depois tem a reação física, foge.
Segundo Ballone:
Os neurofisiologistas Walter Cannon e Philip Bard formularam teorias sobre a importância das estruturas subcorticais na mediação entre as emoções e o resto do organismo. Pesquisando em gatos, eles observaram respostas emocionais integradas mesmo quando o córtex cerebral desses animais era removido, entretanto, não ocorriam respostas quando o Hipotálamo, que é uma estrutura subcortical, era removido (2005).

5.2.1 Comparação das teorias sobre as emoções de Cannon-Bard e James-Lange.

Na teoria Cannon-Bard, o estímulo ameaçador produz em primeiro lugar um sentimento de medo, causando posteriormente no indivíduo, uma reação física (tremores, sudorese, dilatação da pupila e etc). De acordo com a teoria de James-Lange, o homem percebe um estímulo ameaçador e reage com manifestações físicas. O resultado dessa reação física desprazerosa, é o sentimento de medo.

5.3 Perspectiva Cognitivista das Emoções

As teorias cognitivistas afirmam que os processos cognitivos, como as percepções, recordações e aprendizagens, são fundamentais para se perceberem as emoções. Uma situação provoca uma reação fisiológica e procuramos  identificar a razão (compreender) dessa excitação fisiológica de modo a nomear a emoção que lhe corresponde.
Myers, diz que:
A maioria dos psicólogos acredita hoje que a nossa cognição constituem um ingrediente essencial da emoção. Um desses teóricos é Stanley Schachter, que propôs uma teoria dos dois fatores, em que as emoções possuem dois ingredientes: excitação física e um rótulo cognitivo. Schachter presumiu que nossa experiência da emoção cresce a partir de nossa consciência da excitação do corpo. Como Cannon e Bard, Schachter também achava que as emoções são fisiologicamente similares. Assim, em sua opinião, uma experiência emocional exige uma interpretação consciente da excitação (1999, 292).
Essa teoria é denominada de Teoria Bifatorial de Schachter-Singer, que resumindo diz que as emoções produzem estados internos de excitação e nós procuramos no mundo exterior uma explicação para isso.

5.4 Perspectiva Culturalista das Emoções

Segundo Pereira, a perspectiva Culturalista diz que as emoções são comportamentos apreendidos no processo de socialização. Cada cultura tem diferentes formas de exprimir as diferentes emoções. As emoções são uma construção social que exige aprendizagem e que, por isso, dependem da cultura em que o indivíduo está inserido. O tipo de emoções que se manifesta em cada situação, a forma como são demonstradas, e o conjunto de regras de cada cultura especifica é própria em cada cultura e para cada uma delas, há uma linguagem da emoção específica que é reconhecida por todos aqueles que nela estão inseridos.
Segundo Casanova et alli, para os partidários da abordagem culturalista, a emoção é um papel social que aprendemos num certo tipo de sociedade, o que supõe que outras pessoas criadas em outros lugares sentirão e expressarão emoções diferentes (2009).

Conclusão

O estudo das emoções é muito importante com relação a nossa sobrevivência enquanto seres Humanos. Se não mantivermos nossas emoções bem estruturadas, nossas chances de sobrevivência ficam bem reduzidas. Somos seres com uma biologia elaborada e de emoções bem refinadas como altruísmo, solidariedade, compaixão. Mas é imprescindível que essas atividades emocionais sejam harmonizadas e equilibradas com o uso da racionalidade e do pensamento analítico e investigativo. Cultivando a tolerância e respeitando as diferenças individuais, a fim de termos um convívio pacífico, teremos todas as chances possíveis para sobreviver em épocas tão difíceis quanto as que nos aguardam no futuro


Fonte: http://artigos.psicologado.com/psicologia-geral/introducao/as-emocoes#ixzz2Ai1WPpHE 
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