sábado, 8 de dezembro de 2012

Do desejo de aprender ao prazer de ensinar: um exercício de autoria de pensamento. Prof. João Beauclair



Do desejo de aprender ao prazer de ensinar: um exercício de autoria de pensamento.
Prof. João Beauclair
Resumo:
Em seu livro "A inteligência aprisionada”, Alicia Fernández nos afirma que a inteligência é construída. No entanto, temos no nosso tempo presente processos de efetivação de diagnósticos que ignoram esta afirmativa e observamos, infelizmente, que na prática pedagógica, metodologias e posturas atitudinais negam espaço para tal construção. Aqui, num exercício de autoria de pensamento, busca-se elaborar provocações ao nossosentipensar sobre o papel do desejo e do prazer no que se refere aos movimentos deaprendências e ensinagens, enfatizando a importância da motivação, da criação de vínculos, do afeto e da amorosidade para promovê-los a posição de protagonistas no cotidiano escolar e na construção da inteligência nos diferentes ambientes que se vinculam em nossa formação. A partir de minhas práticas como educador e pesquisador no campo da Psicopedagogia e da Aprendizagem, abordo tais questões referenciando aspectos plurais da questão, desejoso apenas de organizar alguns pontos de partida com tais provocações sem, no entanto, estar focado em rigores acadêmicos e pleiteando verdades impossíveis. São ideias para se discutir, pontos de vista para se partilhar, enfim, aberturas para que diálogos sejam fomentados.
 
Palavras chave: Aprendizagem, Psicopedagogia, Desejo, Prazer, Motivação, Vínculos, Afeto e Amorosidade.
 
Introdução: O que entendo como um exercício de autoria de pensamento?

O conceito de autoria de pensamento integra os referenciais da Psicopedagogia Clínica proposta por Alicia Fernández. Ao longo do tempo, venho ampliando percepções com meus trabalhos psicopedagógicos, fomentando discussões e buscando divulgar tal conceito, aprimorando-o em minhas práticas de docência e de pesquisa. Com o campo de movimentações que se abre a cada um de nós ao estudar e aprender sobre Psicopedagogia, uma questão logo nos é posta: como sair do lugar de alunos, onde sempre estivemos ao longo de nossas formações? Lugar este onde, mesmo com todas as boas vontades de plantão, fomos e ainda somos, em muitos momentos, sujeitos passivos, nem sempre ouvintes atentos, por tantas vezes distraídos com outros temas, coisas outras, latentes em nosso viver.
Territórios do poder? Espaços de reprodução? Ou um tanto imenso de outros nomes que possamos dar a escola em todos os seus níveis de ensino? Acredito que a escola está longe de privilegiar a autoria. Porque tal crença? Para aprender, é preciso ensinar e as fronteiras entre uma coisa e outra é constituição de tênues fios flexíveis quando assim as podemos conceber. Tudo é exercício.
         O que eu vejo só eu vejo, pois não nos é possível ver o que o outro vê. Podemos partilhar ideários, sonhos, utopias, movimentos, mas somos singulares, sujeitos de nossas próprias histórias e viventes de nossas próprias desventuras, venturas e aventuras.
         Podemos isto sim, partilhar vivências, saberes, medos, conquistas, sonhos, movimentos, mas jamais podemos viver o que os outros vivem. Somente podemos nos aproximar, ver pelos entremeios: podemos nos recusar as visões únicas, perfeitas, monocromáticas e normóticas?
         O que eu escuto, sinto e assimilo é o trânsito do meu sentipensar, é a observação subjetivante que se constrói a partir de minhas inteiras ações no mundo, de minhas interações com os outros. O desafio está em se permear com escutas e olhares mais sensíveis que nos aproximem do coração do outro, da vida do outro, mas que nunca a invada, subjugue ou desencante-a (De La Torre e Moraes, 2004).
O aprender, com todas as suas complexidades e contradições, emerge como expressão de nossas movimentações desejosas de mais e melhor Vida: não se condiciona a tão somente dar conta de conteúdos e currículos prontos, não está apenas situado no cumprir tarefas como imposições que se situam no longínquo dos nossos desejos.
Produzir autorias de pensamento é estar em trânsito pelos espaços de produção de sentidos e significados que podem se presentificar em nossas aproximações com o conhecer. Conhecer que se complexifica à medida que desejo ser criativo, intenso, vivo, capaz, criança, poeta, pesquisador, andarilho, solitário, amigo, companheiro, responsável, motivado e motivador estimulante de outros sujeitos para caminhar por sendas parecidas.
         Se encontro significados e sentidos no que produzo, é o olhar do outro que confirma a abrangência e a validade do que faço, fazendo reconhecer os espaços e tempos do meu próprio fazer, criando e recriando possibilidades de ser sujeito autor de minha trajetória (Beauclair, 2008a e 2008b).
         Nutrimo-nos e nos fertilizamos com este mover-se. Surge, assim, um espaço e um tempo singular onde, como ensinante, sou aprendente e, como aprendente, sou ensinante prezando aberturas de espaços de diálogos, repletos de diferenças e diversidades que fomentam possibilidades de construir, junto aos outros, um aprender prazeroso, participativo, rico e significativo (Beauclair, 2010).
         Este espaço e este tempo, sempre singulares em sua constituição, se configuram como um mover-se pelos tantos fios que compõem a Teia da Vida, numa transição repleta de vivências e experiências onde somos organismos e corpos, sujeitos de subjetividades e objetividades, desejosos de conhecimentos e desejosos de saber: ávidos para aprender mais sobre o situar-se, de modo permanente, frente nossas poucas certezas e nossas muitas dúvidas.
         Nas experiências do viver, atuando no campo do aprender e do ensinar, hoje sei ser essencial vincular a amorosidade e a afetividade, o lúdico e o cantante, o sujeito epistêmico e cognoscente em aproximações com o sujeito dos sonhos, dos desejos que somos todos nós[1].
         Atuando no campo do aprender e do ensinar, nas experiências do viver, sei que somos sujeitos dos desejos dos outros e autores de nossas próprias experiências e vivências, forjadas na contínua história que vamos escrevendo em cada uma de nossas etapas de vida, significadas e ressignificadas em tantas movimentações pelos limites e pelas transgressões.
         Sermos autores de nossas movimentações em todo este processo exige de cada um de nós a compreensão de que somos limitados frente às demandas imensas de tantas outras ações no mundo, mas isso não nos impede de nos dedicar ao encontro com a alegria da autoria, partilhada mesmo em nossas constatações de tantas limitações e impossibilidades (Beauclair, 2009).
         Com a permanente busca pela teoria, ressignificamos o nosso caminhar, lutamos frente aos processos geradores de indiferenças e apatias e seguimos na proposição de construção de novos sentidos para o nosso fazer, o nosso agir e o nosso estar vivo no mundo (Beauclair, 2007).
         São as nossas impossibilidades os motores maiores para este seguir em frente, enredando-nos no pesquisar sobre nossas próprias práticas, criando e recriando modos novos de inventar, intervir e fomentar a autoria, de modo construtivo, relacional e transicional.
         Assim, nos cabe perceber que é nos lugares e tempos onde possuímos algum tipo de inserção que podemos semear possibilidades de compreensão novas sobre algumas de nossas dúvidas, ou sobre muitas de nossas certezas. Nossas dúvidas nutrem o nosso mover-se pelos fios do conhecimento, pelas metáforas presentes na imensa Teia da Vida.
         Investigar é colocar-se em movimento de rever o que já conheço e buscar perspectivas novas para aquilo que desejo conhecer. Investigar é propor-se a caminhar pela procura de novas perguntas para antigas respostas e, ainda, ousar novas respostas para antigas perguntas, num dialético processo de formular movimentações outras, percorrendo sendas diferentes das que nos acostumamos, de um modo bem cotidiano, a percorrer.
         Na compreensão do novo, ou na busca por sua compreensão, podemos avançar de alguns modos. Se os desafios novos se impõem como tal, façamos esforços para intervir de outros modos, exercendo nossas potencialidades de autoria, nos capacitando de modo permanente para irmos além do que nos é dado como verdade. Propormo-nos ao exercício cotidiano da autoria de nossos pensamentos favorece este movimento, impulsiona este avanço: se o pensar pode estar vinculado aos nossos desejos, nossos pensamentos podem fomentar construções novas a partir do que desejamos. [2]
 
Provocações ao nosso sentipensar: o papel do desejo e do prazer nos movimentos de aprendências e ensinagens.

Autoria não tem a ver com o que já está feito,
não é compreendida como um produto,
mas como uma abertura para o sempre inacabado;
fala mais de um devir,
um modo de situar-se,
uma ética que tem a ver com o
desejo de produzir e com as possibilidades do outro.”[3]

Podemos afirmar que a produção do desejo e do prazer, como propõe a Biologia do Conhecer[4], reside num domínio consensual de ações e isso não significa que estejam ausentes disputas e antagonismos em seu interior. Aprendemos que um domínio consensual vincula-se ao pertencimento a redes de sentidos difusas e heterogêneas, onde a consensualidade só pode acontecer com o retorno, resultado de ações recursivas que, de certo modo, confere possibilidades de estabilidade no meio do caos e da desordem, onde estamos, inevitavelmente, inseridos[5].
Ao ouvir uma sinfonia, se não existisse a junção do caos de sons diferentes, a harmonia seria inexistente. Práticas e exercícios de autorias resultam de domínios consensuais e se tivermos, tão somente, estruturas previamente estabelecidas, acabaremos por desfavorecer os movimentos de aprendências e ensinagens[6].
Tais movimentos são gerados na dialogicidade, tanto no fazer individual quanto no fazer coletivo, na produção de singularidades e no exercício de protagonismos que nutrem a autoria como produção de reconhecimentos e saídas do anonimato.
A autoria de pensamento como exercício de protagonismos, no âmbito das ações de produção de sentidos e significados no agir e fazer em formação contínua implica em movimentos de subjetivação e de identificação, produzindo diferenças, mas destacando-as no que constitui o sujeito autor: o jogo do identificar-se se diferenciando, que constrói e constitui o sujeito autor, que se reconstrói e reconstitui com os outros, propiciadores de reconhecimentos plurais ao serem sujeitos leitores da autoria, vivificados em todo este processo “(...) e ato de produção de sentidos e de reconhecimento de si mesmo como protagonista ou participante de tal produção.” [7]
Toda autoria é exercida em redes de conversações constituintes de si mesmas e dos sujeitos que a produzem: o sujeito autor emerge na produção de sua singularidade, da diferença que produz com o intuito de ser conhecido e reconhecido no âmbito das próprias dinâmicas presentes nas redes que participa, age, interage, vive.
Portanto o exercer a autoria é um movimento de transformação e reconstrução permanente, lugar plástico e maleável entre subjetividade e objetividade[8], no interior das redes de conversações, onde é possível fazer pensável nossa prática e buscar

“(...) um propósito comum de toda construção teórica; todavia, além disso, coincide com o próprio objeto de intervenção psicopedagógica, pois a psicopedagogia tem como propósito abrir espaços objetivos e subjetivos de autoria de pensamento; fazer pensável as situações, o que não é fácil, já que o pensamento não é somente produção cognitiva, mas é um entrelaçamento inteligência-desejo, dramatizado, representado, mostrado e produzido num corpo. Por isso, muito mais importante que os conteúdos pensados é o espaço que possibilita pensável um determinado conteúdo”. [9]

A meu ver, um dos mais importantes papéis do desejo e do prazer nos movimentos deaprendências e ensinagens é o de entrelaçar-se com a inteligência, pois as redes de conversações sempre acontecem e se constituem ao longo de nossos ciclos vitais, nas diferentes fases de nossas existências como sujeitos de aprendizagens múltiplas.  Tais redes nem sempre são analisadas e sentipensadas como possibilidades de exercícios de autoria de pensamento que sejam significativas para todos os que delas participem: vital é mesclar individualidades, autorias pessoais, autorias coletivas, ignorâncias, conhecimentos de si mesmos e dos outros no reconhecer-se no que foi produzido, nas “obras criadas” como registros de aprendências e ensinagens. [10]
Nos processos de compreender a importância do resgate do desejo de aprender e do prazer em ensinar na formação continuada de educadores e inicial em Psicopedagogia, venho apostando na autoria de pensamento como uma maneira de ver e viver, olhar e sentipensar a prática educativa que fomente momentos experienciais e vivenciais no espaço e tempo da sala de aula, onde seja possível o resgate das alegrias de cantar, brincar, vivenciar dinâmicas de grupo, trabalhar com as dimensões da arte, do recorte, da colagem, do jogo, do corpo em movimento, da dança, enfim, uma sistêmica didática interativa e propositiva que propicie maneiras de favorecer o linguajar (Maturana, 1997).
Para Maturana (1997), os sentidos estão na dinâmica relacional que existem e dependem da interioridade corporal, onde nossos pensares emergem em redes de conversações e coordenações de coordenações consensuais geradoras de ações com significados e sentidos nas emoções e nas condutas de cada um de nós. Ao convivermos com domínios relacionais diferentes, expressamos diferenciados domínios de nossas relações e isso nos permite produzir sentidos diferenciados, ao vivermos em distintos espaços e tempos de aprender e ensinar.
Espaços e tempos de aprender e ensinar em exercício de coexistência com o processo de linguajar, força motriz da dinâmica relacional que produz: indagações, saberes, ideais e ideias, reflexões e produção de sentido existencial.  É no conversar, compreendido aqui como versar com o outro, que podemos elaborar coordenações de coordenações consensuais de ações, reações e novas ações, num movimento recursivo, complexo e favorecedor de práticas educativas onde possamos perseguir a completude daautopoiese[11].
Assim, a autoria de pensamento real e efetiva é semeada, cuidada, germinada e nutrida quando é produzida no espaço do diferencial, em meio às complexas redes de significados e sentidos que estamos inseridos, mas nem sempre contextualizados [12].
A autoria de pensamento real e efetiva emerge quando nos retiramos do lugar comum e nos propomos:
·         A perguntar;
·         Ao posicionar-se frente ao desconhecido;
·         A sermos capazes do estranhamento;
·         A questionar a realidade dada;
·         A refletir sobre os sentidos e significados do diálogo e do conversar;
·         Ao encontro com a diversidade e com a diferença;
·         Aos processos de novas percepções sobre continuidades, descontinuidades e rupturas;
·         A compreender as diferenças entre identidade e semelhança, alteridade e igualdade.
·         E talvez, mais difícil e por isso mesmo, não menos importante: o estabelecer autorias coletivas de pensamento, que repercutam modos de pensar individuais que se apóiem em movimentos coletivos, representantes de grupos, por exemplo;

Na tessitura das ideias até aqui expostas, é interessante destacar a necessidade de termos presente, nos espaços e tempos do ensinar e do aprender com produção de sentido, a alegria do encontro com a autoria, como nos ensina Fernández [13], pois tal alegria manifesta-se no linguajar como domínios de relações onde participamos como sujeitos autores, constituídos em contingências próprias, expressivas, marcadas por singularidades e pelas interações com os outros, consigo mesmos, com o mundo.
Será com o autorizar-se a ver sentido em nossos próprios percursos comoaprendentensinantes que ampliaremos nossas relações com outros sujeitos e grupos com os quais estabelecemos possibilidades de convivências, do estarjuntocom, intervindo, acompanhando, participando, organizando, anotando, desenvolvendo observações, participando.
A alegria do encontro com a autoria propicia novas maneiras de elaborarmos modos diferentes de navegação com as tantas possibilidades que ocorrem nos encontros com os outros, no intercambio de ideias através da fala e do registro, do diálogo e da reflexão, da ação por si mesma e da ação pensada, do levantamento de hipóteses, da atividade grupal, da reflexão coletiva, da produção individual, das construções singulares de estratégias comunicativas, transcendendo conhecimentos postos e desmistificando perspectivas reducionistas.
Neste sentido, o trabalho que venho realizando com grupos de formação, ao longo do tempo, me possibilita mapear registros do que utilizo como estratégia principal de intervenção e, hoje, penso mais em observar os lugares, os diferentes ritmos e tempos, as mudanças possíveis nas interações, do que buscar, em vão, abranger a totalidade dos processos vividos, pois também acredito ser possível “desmontar solenidades territoriais para ir germinando autorias: essa é a alegria que cresce nos grupos”.[14]
Nas práticas da docência em Educação e Psicopedagogia, a busca maior tem sido a de colaborar para a criação de redes de conversações capazes de promover o fazer emergir novas autorias, através de exercícios de escritas e tessituras criativas, através de oficinas de produção textual, com os “diários de bordo como registros de aprendências”, realizados sempre que é possível em redes interativas que se constituem no intercâmbio mesmo do que se produziu ao longo dos períodos de realização dos cursos de formação. São marcas que foram se acoplando a própria prática, configurando alguns sentidos identitários de uma metodologia proativa que cultiva diferentes estilos e propõe a reafirmação do sentido de pertença ao vivido nos domínios consensuais[15].
Os “diários de bordo como registros de aprendências” [16] servem como referenciais para outras produções seguintes, num repositório de estilos e memórias do vivido, constituindo-se como arquivos subjetivos e intersubjetivos, com colagens, texturas, textos, imagens, bordados, manifestações plurais abertas em redes interativas de auto e hetero-formação que conserva o próprio histórico do como foi produzido, com a incorporação e a difusão de formas e estilos diferenciados. Assim sendo, acaba por ser um modo de seguir motivando novos exercícios de autoria, para capacitar e motivar novas tessituras e feituras em Educação e Psicopedagogia, produzindo novas reflexões sobre o importante papel do professor em nosso tempo[17].

Aprender e ensinar, ensinar e aprender: a ênfase na motivação, o professor e seu papel importante papel.

"Se os professores modificam sua atitude,
 os alunos conseguem aprender. 
Um professor é alguém que acredita que 
seus alunos podem aprender.”
Alicia Fernández

Será que ainda teremos muito que continuar a enfatizar sobre a importância da motivação no trabalho do professores? É muito interessante ressaltar que professores, mesmo que estejam sob mesmas condições (de escolas, formação e salários), apresentam uma diferenciação interessante: alguns não conseguem realizar um bom trabalho, atrair os seus alunos, despertar o desejo de aprender, enquanto outros fazem isso com maestria.
O que gera motivação para que alguns realizem suas ações com alegria e amorosidade e outros não? Sabemos da inexistência de um paradigma único de percepção sobre esta realidade, mas não podemos esquecer que alguns fatores interferem neste processo, de modo contundente. Aspectos gerais tais como: capacidade de persuasão, habilidades sócio-comunicacionais, características de personalidade empática, carisma, competências em facilitar relações interpessoais, capacidade de fomentar diálogos abertos e criativos, habilidades de gerenciamento de conflitos, enfim, fatores determinantes sobremaneira para que nossas intervenções sejam bem sucedidas, pois interferem em nossas potencialidades de relação e de comunicação motivadora.
Se, como professores, deixarmos de ser sujeitos que apenas lecionam e passarmos a serinterventores que buscam articular conhecimentos que possuam significados e sentidos paraaprendentes e ensinantes em processos de interação efetiva (e afetiva), teremos mobilizações cognitivas que fazem emergir capacidades sinérgicas favorecedores de sintonias interpessoais altamente nutridoras de nossas aprendências e ensinagens.[18]
Comunicação motivadora é um desafio permanente ao desenvolvimento de nossas práticas interativas, que favorece o trabalho pedagógico, a meu ver, sempre uma intervenção psicossocioeducativa. Sabemos que uma das melhores maneiras de conseguirmos o estabelecimento de vínculos positivos está em demonstrar que, além de interessarmo-nos verdadeiramente pelos nossos campos de ações e pesquisas, principalmente nos objetivamos a adentrarmos com afetividade no mundo e nos interesses dos nossos alunos,educandosaprendentes, como queiramos chamar aqui aqueles que participam de nossas intervenções.
Intervenções psicossocioeducativas no campo da docência e das ações educativas serão bem sucedidas quando preparadas não para o fracasso, mas sim para o sucesso. Se buscarmos estar preparados para o desenvolvimento de relações onde a afetividade esteja presente, serão criadas predisposições para atitudes positivas frente ao trabalho a ser exercido, pois todos nós captamos, de modos conscientes e inconscientes, a confiabilidade, a mansidão, a doçura, a afabilidade, a maleabilidade  que, a partir de todas as minhas práticas de intervenção, posso afirmar serem geradoras de expectativas positivas e otimistas frente ao desafio de conectar aprendizagem com ensinagem.[19]
Aprender é ensinar, ensinar é aprender.
Ao aprender e ensinar somos mundos que se conectam: o eu e o outro na busca do conhecer, do saber, do saber fazer, do ser fazer saber, do saber fazer-se SER. Como ensinantes e aprendentes, somos o sal da terra, a luz do mundo, o fermento na massa, pois agirmos em prol da evolução de todos. Sermos generosos neste movimento é propiciar a alegria do exercício coletivo e pleno da autoria de pensamento, da autonomia do sujeito humano, vivendo as aventuras e desventuras de interagir no movimento do mundo, complexo por excelência.
Cada sujeito aprendente e ensinante é um mundo particular, repleto de suas vivências, que vão muito além de tão somente ser seres da cognição. Somos emoção e vida, morte e essência, somos fruto de um tempo, resultado de nosso caminhar humano de evolução. A construção/reconstrução de uma nova “civilização”, onde a afetividade seja repleta de amorosidade, nos convoca a pensar num outro mundo possível, onde a teia da vida (re)signifique práticas, fomente o desejo de mais e melhor vida, nos tempos e espaços de nossas intervenções, sempre compreendidas como uma (re)invenção cotidiana de viver e estar junto com os outros, sempre diversos de nós mesmos.
Aprendizagem/ensinagem são processos de co-autoria, de co-participação: se aprende com alguém que ensina, se ensina quando alguém aprende. Uma nova sociedade, de fato aprendente, compreende o ser em sua inteireza, percebe que somos irmanados no sentido pleno desta palavravida: percebe as palavras como essência de mundo, essência do existir.
Nossa constituição como sujeitos é resultante de todo este processo e será possível outro tempo somente se buscarmos a renovação diária de nossas ações e condutas e se percebemos o mundo como uma grande possibilidade de encontro humano. É no espaço e no tempo do aprenderensinar que podemos encontrar significados e sentidos para nossas existências e urge (re)configurar modelos, rever atos e fatos, criar novas metodologias, mais ativas e participativas, onde o intercâmbio de saberes e ignorâncias possibilite a (re)criaçãode um novo ser humano, que se perceba como um sujeito desejante do (re)encontrar-seconsigo mesmo, elaborando a assunção amorosa de nossas tantas limitações, de nossas potencialidades e possibilidades, de nossos dons pessoais.
Aprender e ensinar é (re)encontrar-se com outros sujeitos também desejantes, reconhecendo em todos e em cada um o seu próximo, o seu semelhante, um irmão, um amigo, um co-autor de sua subjetividade, de sua história e lenda pessoal. Aprender e ensinar é(re)encontrar-se com nossa humana natureza, nem sempre em nós presente de forma consciente, mas que é sempre fomentadora de novos vínculos entre o eu e outro, entre o outro e o mundo, entre os diferentes eus e os outros, que juntos interagem como viventes na imensa comunidade humana que nos constitui.
Aprenderensinar é sabermos de nosso passado, é vislumbrarmos um futuro, mas essencialmente é nos percebermos como uma grande possibilidade de fazermos, cada um de nós, a nossa parte, nos imensos desafios do nosso tempo presente: por isso, devemos desejar, agir e buscar elaborar nossos processos e ações como ensinantes, eternos aprendentes, aprendentes eternos ensinantes de nosso tempo presente, acreditando, vinculando, pesquisando, aliando teoria e prática, reconstruindo, promovendo a autoria de pensamento, educando pela pergunta, pela aprendizagem significativa, pela emancipação humana. Caminhos do coração. Estradas da emoção, pontes do afeto. [20]
 
Criação de vínculosafeto e amorosidade: desafio permanente em utópicos caminhos?

“(...) Para tanto, trabalho a fazer não falta, para tanto , lutas e batalhas a travar também não. Mas é preciso renovar nossas forças, lançar novos vôos, caminhar desejando que a alegria de ensinar e educar contagia nossas vidas e supere nossos cansaços de tantas injustiças, exclusões e infelicidade. Ensinar é acreditar." [21]

Justificando alguns aspectos e aproximando ideias como discussão sobre a criação de vínculos, afeto e amorosidade como um desafio permanente em utópicos caminhos, acredito que é preciso, cada vez mais, darmos ênfase ao sentido maior da palavra crise, transmutada em oportunidade: vivemos, todos nós, num mundo diferente do que existia há dez anos, visto que as mudanças presentes nos processos comunicacionais afetaram nossos modos de agir, fazer, aprender, ensinar, viver.
A sociedade atual se apresenta em transformações profundas e cotidianas, mediante a complexidade e a dimensão planetária dos nossos problemas. Portanto, exige de cada um de nós ao menos uma necessária e permanente conduta: aprender sempre, de modo constante, em todas as situações que vivenciamos em nossas vidas pessoais, nas interações com os outros, em nossos ofícios e instituições.
Aqui reside outro ponto de partida às nossas reflexões: as contribuições da Psicopedagogia em todo este contexto, convocando-nos à construção de relações mais verdadeiras, pautadas na diferença e na pluralidade, na alegria e na motivação e, claro, na ativa participação de todos no processo de criar sentidos e significados para uma nova vida, mais plena e digna para todos.
De modo muito biográfico, sinto e penso que a Psicopedagogia favorece novos pontos de partida aos sujeitos em movimentos por suas aprendizagens e autorias. Nas múltiplas experiências com formação de ensinantes e profissionais psicopedagogos ao longo dos últimos anos, tenho feito inúmeras reflexões a respeito das contribuições da Psicopedagogia no contexto citado acima. O que tenho observado e vivenciado, vivido com a intensidade de produzir novos significados e sentidos ao meu próprio caminhar, ao meu agirfazer?
A Psicopedagogia, quando compreendida como uma EAM (Experiência de Aprendizagem Mediada), acaba por nos convocar à construção de relações mais verdadeiras. Com esse movimento elaboramos e reelaboramos significados às nossas trajetórias como aprendentesensinantes e, com isso, seguimos na busca de organização de informações e de conhecimentos, nos conduzindo para melhores momentos de sabedoria nas tomadas de decisão em nossas vidas. No entanto, isso não significa afirmar que a Psicopedagogia é a salvação de todas as nossas mazelas, que é a redenção de nossas tantas limitações.
Ao contrário, com a Psicopedagogia estabelecemos novos olhares para os distintos modos como operamos a condução de nossas histórias de vida, além de validarmos outros momentos de nossas próprias biografias: por isso o uso da afirmativa “a possibilidade do (re)encontro”.
Tempolinguagemtrabalhopesquisaescutaolhar e registro: sete movimentos essenciais ao desenvolvimento da autoria de pensamento, processo psicopedagógico essencial à formação e assunção da Psicopedagogia como modo de ser e estar sempre aprendensinanteem conjugação ativa e (des)organizada, que vincula nossas vidas nas dimensões:
• Do Cuidado;
• Do Intercâmbio;
• Da Amorosidade;
• Da Construção Coletiva;
• Do Fomento Ativo à Autoria;
• Da Continuada Formação;
• Da Pesquisa como Processo Permanente.

Penso e sinto interesse imenso em propor pesquisas, em trabalhos futuros, sobre a aliança entre os sete movimentos essenciais ao desenvolvimento da autoria de pensamento com as dimensões acima expressas, ampliando relações e reflexões ao criar um conjunto de idéias que entrelacem Tempo e Cuidado, Linguagem e Intercâmbio, Trabalho e Amorosidade, Pesquisa e Construção Coletiva, Escuta e Fomento Ativo à Autoria, Olhar e Continuada Formação, Pesquisa como Processo Permanente e Registro, numa possível contribuição às nossas compreensões sobre os novos modos de ser e estar nas escolas, nas famílias e nas instituições.
 
Conclusão: Ideias para se discutir, pontos de vista para se partilhar em aberturas para diálogos e interações.

Somos sujeitos desejantes e por isso sujeitos aprendentes. Onde reside o desejo, há permanente busca por novas aprendizagens e este processo é ininterrupto. Vivemos numa sociedade que faz com que o desejo de aprender seja foco e desafio, pois só há mudança efetiva na complexidade da realidade quando comportamentos e pensamentos são alterados, transformados.
Não podemos nos manter em posição de paralisia: é vital o mover-se na propositura da continuidade de nossas formações. É desafio perene o seguir adiante, mesmo com as adversidades que são geradas pela falta de condições mais adequadas ao nosso viver.
É importante fazer uso do que se tem disponível, ampliar competências, habilidades e, principalmente, construir novos saberes, reforçando sempre que em nossas incompletudes está situado o acreditar nas potencialidades humanas de superação das dificuldades que nos são apresentadas.
Quem atua em Educação e em formação continuada, se observa, em muitos momentos, vivenciando ciclos que se alternam entre o desejo de seguir em frente e a vontade de desistir, principalmente frente ao descaso que acabamos muitas vezes ver presentes na realidade cotidiana nos espaços e tempos de nossas ações, de nossos fazeres.
Vital, em todo este processo, é rever caminhos, percursos e trajetórias e verificar, com tal revisão, aspectos que podem favorecer nosso ressignificar, nosso caminhar com positividade utópica, pois jamais teremos a capacidade de estarmos plenos e satisfeitos, pois ao atingirmos determinados objetivos ou alcançarmos algumas de nossas metas, cada um de nós terá outras posições para alcançar, outras tarefas para cumprir, outros desejos para realizar num eterno recomeçar.
Propondo-me a recomendação de Josso (2010), busco permanecer em meus exercícios de autoria de pensamento, no desejo de aprender e no prazer de ensinar, para seguir fazendo que cada um de meus aprendentes possa: “(...) aceitar a experiência de que sua formação é uma pesquisa em si e que a pesquisa na qual ele se envolve lhe permitirá clarear e até mesmo transformar seu projeto de formação.” [22]
As ideias aqui expostas se nutrem por tais questões e o desejo maior, efetivamente, é o de sequenciar em processos de discussão, propondo-se a intercambiar diferentes pontos de vista partilhados em novas aberturas para diálogos e interações. Se seguirmos adiante acreditando que o objetivo maior da Educação é a geração da felicidade, importante sempre é o recomeçar, como nos alerta Demo (2002):

A felicidade tem a lógica e a consistência da flor: não há como separar sua beleza da fragilidade e do fenecimento. O fenecimento não é apenas a destruição da beleza, mas condição de recomeço.[23]

Recomecemos, então.
 
Notas:
BEAUCLAIR, João. Pedagogia da Amorosidade como Estratégia Interdisciplinar de Intervenção Psicossocioeducativa na Educação para a Paz. Projeto final para obtenção do DEA Diploma de Estudios Avanzados em Intervención Psicosocioeducativa. Universidade de Vigo, Faculdade de Ciências da Educação, Campus de Ourense, Galícia, Espanha, 2010.
BEAUCLAIR, João. Interdisciplinaridade, Auto(Eco)Formação e Histórias de Vida: Proposições Reflexivas, a partir da Autoria de Pensamento, na Formação de Professores num Mundo em Crise. III Congresso Internacional Diálogos sobre Diálogos, Faculdade de Educação da UFF - Campus do Gragoatá, Niterói, 2010.
BEAUCLAIR, João. Quem aprende ensina. Quem ensina aprende. Contribuições reflexivas a partir da Psicopedagogia. Revista Direcional Educador, edição 61, São Paulo, fevereiro/2010.
BEAUCLAIR, João. Um pouco mais de desejo, de autoria, de pensamento: uma saída de emergência? Publicado em 28/10/2010 e disponível emhttp://www.psicopedagogia.com.br/new1_artigo.asp?entrID=1297
BEAUCLAIR, João. Para entender psicopedagogia: perspectivas atuais, desafios futuros. Editora WAK, Rio de Janeiro, 2006. Terceira edição 2009.
BEAUCLAIR, João. Dinâmica de Grupos: MOP Metodologia de Oficinas Psicossocioeducativas (uma introdução). Editora WAK, Rio de Janeiro, 2009.
BEAUCLAIR, João e CARVALHO, Seilla. Sinergia: aprender e ensinar na magia da vida (uma introdução. http://www.abpp.com.br/artigos/105.htm Publicado em outubro de 2009.
BEAUCLAIR, João. Psicopedagogia: trabalhando competências, criando habilidades. Editora WAK, Rio de Janeiro, 2004. Terceira edição 2008.
BEAUCLAIR, João. Ensinar é Acreditar, Coleção Ensinantes do Presente, Volume I. WAK Editora, Rio de Janeiro, 2008.
BEAUCLAIR, João. Do fracasso escolar ao sucesso na aprendizagem. Editora WAK, Rio de Janeiro, 2008.
BEAUCLAIR, João. Aprender é ensinar, ensinar é aprender. In: Caminhos da Psicopedagogia: o referencial da ABPp no Sul de Minas. Informativo do Núcleo Sul Mineiro da Associação Brasileira de Psicopedagogia, Varginha, Julho de 2008.
BEAUCLAIR, João. "Me vejo no que vejo": o olhar na práxis educativa psicopedagógica. Exclusiva Publicações, São Paulo, 2008.
BEAUCLAIR, João. Educação & Psicopedagogia: aprender e ensinar nos movimentos de autoria. Pulso Editorial, São José dos Campos, São Paulo, 2007.
BEAUCLAIR, João. Aprendizagem significativa e construção de Diários de Bordo: configurando registros na práxis de formação em Psicopedagogia. Revista Científica da FAI, volume 5, número 1, Santa Rita do Sapucaí, Minas Gerais, 2005.
BEAUCLAIR, João. Neuropsicologia e Biociências: Aprendendo Ecologia Humana com um novo olhar - sobre si mesmo e os outros- a partir da Autopoiese. In: CAPOVILLA, Fernando César e RIBEIRO DO VALLE, Luiza Helena. Temas Multidisciplinares de Neuropsicologia e Aprendizagem. Tecmedd, Ribeirão Preto, 2004.
BEAUCLAIR, João. Autoria de pensamento, aprendências e ensinagens: novos modelos e desafios na produção de conhecimento em Psicopedagogia. Disponível emhttp://www.abpp.com.br/artigos/34.htm, abril de 2004.
DEMO, Pedro. Combate à pobreza: desenvolvimento como oportunidade. Campinas: Autores Associados, 2002.
FAZENDA, Ivani Catarina Arantes (org). Dicionário em construção: Interdisciplinaridade. Cortez Editora. São Paulo, 2002.
FERNANDÉZ, Alicia. O saber em jogo: a Psicopedagogia propiciando autorias de pensamento. Porto Alegre, Editora Artmed, 2001.
JOSSO, Marie-Christine. Caminhar para si. Tradução Albino Pozzer. Coordenação Maria Helena Menna Barreto Abrahão. EDIPUCRS, Porto Alegre, 2010.
MATURANA, Humberto e VERDEN-ZÖLLER, Gerda. Amor y Juego: fundamentos olvidados de lo humano – desde el Patriarcado a la Democracia 5. ed. Santiado de Chile: Editorial Instituto de Terapia Cognitiva, 1997.
MATURANA, Humberto R. e VARELA, Francisco G. A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana. São Paulo: Editora Palas Athenal, 2002.
MATURANA, Humberto. Emociones y Lenguaje en Educacion y Politica. 9. ed. Santiago de Chile: Dolmen Ediciones, 1997.
MORAES, Maria Cândida e TORRE, Saturnino De La. Sentipensar: Fundamentos e Estratégias para Reencantar a Educação. Editora Vozes. Petrópolis, 2004.
PAÍN, Sara. Subjetividade e objetividade. Relação entre desejo e conhecimento. São Paulo: CEVEC, 1996.
SCOZ, B. (org.) BORGES, A. L. GAMBINI.R.   (Por) Uma educação com alma: a objetividade a subjetividade nos processos de ensino aprendizagem.   2 ed. Petrópolis, R J: Vozes, 2000.
SORDI, Regina Orgler. Os materiais da autoria. Revista E.Psi.B.A. Psicopedagogía. Buenos Aires, Argentina, número 11, 2004.


[1] BEAUCLAIR, João. Pedagogia da Amorosidade como Estratégia Interdisciplinar de Intervenção Psicossocioeducativa na Educação para a Paz. Projeto Final para obtenção do DEA Diploma de Estudios Avanzados em Intervención Psicosocioeducativa. Universidade de Vigo, Faculdade de Ciências da Educação, Campus de Ourense, Galícia, Espanha, setembro de 2010.
 
[2] BEAUCLAIR, João. Um pouco mais de desejo, de autoria, de pensamento: uma saída de emergência? Publicado em 28/10/2010 e Disponível emhttp://www.psicopedagogia.com.br/new1_artigo.asp?entrID=1297
[3] SORDI, Regina Orgler. Os materiais da autoria. Revista E.Psi.B.A. Psicopedagogía. Buenos Aires, Argentina, número 11, 2004, p 80.
[4] MATURANA, Humberto R. e VARELA, Francisco G. A árvore do conhecimento: As bases biológicas do entendimento humano. Campinas: Editorial Psy II, 1995.
[5] MATURANA, Humberto e VERDEN-ZÖLLER, Gerda. Amor y Juego: fundamentos olvidados de lo humano – desde el Patriarcado a la Democracia 5. ed. Santiado de Chile: Editorial Instituto de Terapia Cognitiva, 1997.
[6]BEAUCLAIR, João. Autoria de pensamento, aprendências e ensinagens: novos modelos e desafios na produção de conhecimento em Psicopedagogia. Disponível emhttp://www.abpp.com.br/artigos/34.htm 
[7] FERNANDÉZ, Alicia. O saber em jogo: a Psicopedagogia propiciando autorias de pensamento. Porto Alegre, Editora Artmed, 2001, p. 90.
[8] PAÍN, Sara. Subjetividade e objetividade. Relação entre desejo e conhecimento. São Paulo: CEVEC, 1996.
[9] FERNANDÉZ, Alicia. O saber em jogo: a Psicopedagogia propiciando autorias de pensamento. Porto Alegre, Editora Artmed, 2001, p. 55.
[10] BEAUCLAIR, João. Aprendizagem significativa e construção de Diários de Bordo: configurando registros na práxis de formação em Psicopedagogia. Revista Científica da FAI, volume 5, número 1, Santa Rita do Sapucaí, MG, 2005.
[11] BEAUCLAIR, João. Neuropsicologia e Biociências: Aprendendo Ecologia Humana com um novo olhar - sobre si mesmo e os outros- a partir da Autopoiese. In: CAPOVILLA, Fernando César e RIBEIRO DO VALLE, Luiza Helena. Temas Multidisciplinares de Neuropsicologia e Aprendizagem. Tecmedd, Ribeirão Preto, 2004.
[12] Maturana, Humberto. Emociones y Lenguaje en Educacion y Politica. 9. ed. Santiago de Chile: Dolmen Ediciones, 1997.
[13] FERNANDÉZ, Alicia. O saber em jogo: a Psicopedagogia propiciando autorias de pensamento. Porto Alegre, Editora Artmed, 2001, páginas 122, 123, 124, 125 e 126.
 
[14] Idem. Página 124.
[15] BEAUCLAIR, João. Interdisciplinaridade, Auto(Eco)Formação e Histórias de Vida: Proposições Reflexivas, a partir da Autoria de Pensamento, na Formação de Professores num Mundo em Crise. III Congresso Internacional Diálogos sobre Diálogos, Faculdade de Educação da UFF - Campus do Gragoatá, Niterói, 2010.
[16] BEAUCLAIR, João. Aprendizagem significativa e construção de Diários de Bordo: configurando registros na práxis de formação em Psicopedagogia. Revista Científica da FAI, volume 5, número 1, Santa Rita do Sapucaí, Minas Gerais, 2005.
[17] BEAUCLAIR, João. Educação & Psicopedagogia: aprender e ensinar nos movimentos de autoria. Pulso Editorial, São José dos Campos, São Paulo, 2007.
 
[18] BEAUCLAIR, João e CARVALHO, Seilla. Sinergia: aprender e ensinar na magia da vida (uma introdução. http://www.abpp.com.br/artigos/105.htm Publicado em outubro de 2009.
[19] BEAUCLAIR, João. Do fracasso escolar ao sucesso na aprendizagem. Editora WAK, Rio de Janeiro, 2008.
[20] BEAUCLAIR, João. Aprender é ensinar, ensinar é aprender. In: Caminhos da Psicopedagogia: o referencial da ABPp no Sul de Minas. Informativo do Núcleo Sul Mineiro da Associação Brasileira de Psicopedagogia, Varginha, Julho de 2008. 
[21]  BEAUCLAIR, João. Ensinar é Acreditar, Coleção Ensinantes do Presente, Volume I. WAK Editora, Rio de Janeiro, 2008, p. 23.
[22]JOSSO, Marie-Christine. Caminhar para si. Tradução Albino Pozzer. Coordenação Maria Helena Menna Barreto Abrahão. EDIPUCRS, Porto Alegre, 2010, p. 251.
[23] DEMO, Pedro. Combate à pobreza: desenvolvimento como oportunidade.Campinas: Autores Associados, 2002, p. 53.
Joao Beauclair
Enviado por Joao Beauclair em 19/05/2011

PSICOPEDAGOGIA EMPRESARIAL: AS POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO DE UM PSICOPEDAGOGO NUMA EMPRESA


Textos
:: Todos > Artigos

PSICOPEDAGOGIA EMPRESARIAL: AS POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO DE UM PSICOPEDAGOGO NUMA EMPRESA.
PSICOPEDAGOGIA EMPRESARIAL: AS POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO DE UM PSICOPEDAGOGO NUMA EMPRESA.

LÉIA MARIA DA PAZ SILVA

FACULDADE SÃO BENTO DA BAHIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL

RESUMO


A todo instante, o homem defronta-se com muitas mudanças, novas informações, novos ambientes, pressupostos, ameaças e principalmente novas oportunidades. Vemos a necessidade de comentar sobre o assunto visando o bem estar, satisfação, o desenvolvimento individual e em grupo no trabalho com o outro, e a qualificação dos funcionários beneficiando o andamento dos resultados numa empresa. O propósito deste artigo é mostrar as possibilidades e conquistas da atuação de um psicopedagogo numa instituição empresarial. A metodologia aplicada a este estudo foi baseada numa pesquisa bibliográfica e uma simples pesquisa de campo, em três empresas, de pequeno e médio porte, na cidade de Salvador/Ba, onde aplicamos um questionário com dez funcionários, de cada empresa, a fim de obter dados para o levantamento do perfil organizacional para aplicação da atuação do psicopedagogo frente a essa realidade ocorrida no meio empresarial em sua atualidade. Como resultado vemos funcionários com qualidade de vida, harmonia entre grupos e setores e boa capacidade de interação, de conhecimentos de papéis dentro da organização e acima de tudo satisfação pessoal.


Palavras-chave: Psicopedagogia institucional. Mudanças organizacionais. Diagnóstico. Aprendizagem Humana. Trabalho grupal. Qualidade de vida. Administração.

1 INTRODUÇÃO

A cada dia que passa, deparamo-nos com uma diversidade muito grande de situações, que, na maior parte das vezes, é fruto da economia globalizada em que vivemos, onde a exigência de atualização e reciclagem das informações são cada vez mais necessárias.

Hoje, algumas atividades chegaram a tal ponto que máquinas estão substituindo o homem e com isso as empresas estão exigindo cada vez mais de seus funcionários em busca de melhoria da qualidade, buscando novas qualificações profissionais, a multifuncionalidade, desempenho do serviço com maior precisão e perfeição, com o objetivo de trazer o retorno esperado, o lucro.

Entende-se que um trabalho harmonioso de uma equipe é importante; no entanto, há pouco investimento por parte das empresas em capacitar, apoiar os empregados, ouvir suas necessidades e sugestões, reforçar a importância do trabalho em equipe. Conforme Patto (1997, p. 319), “[...] a educação para o mundo humano se dá num processo de interação constante, em que nos vemos através dos outros, e em que vemos os outros através de nós mesmos”.

Sem um trabalho de acompanhamento pode-se deparar com ocorrências e discussões nada construtivas, que desestruturam o grupo, desmotivando a equipe levando à baixa produtividade. Isto poderia ser evitado se houvesse um trabalho preventivo.

Entende-se que a Psicopedagogia Institucional não está relacionada somente à instituição escolar, podendo ser pensada também na dimensão hospitalar e empresarial. No entanto, o enfoque dado nesse trabalho será o empresarial.

Tendo em vista que a educação e o mercado de trabalho vêm passando por mudanças significativas e acentuadas nos últimos anos como sendo de reavaliação de pressupostos e de paradigmas que, até então, sustentavam a sociedade vigente. As organizações precisam maximizar as chances de continuar no mercado, readaptando-se às “novas” tendências deste período.

Esse trabalho tem como objetivo principal ampliar o conhecimento e esclarecer a cerca da atuação do psicopedagogo frente a uma nova realidade e necessidade. Hoje em dia, como se observa, a ampliação do campo de atuação do psicopedagogo no meio empresarial, ficamos, então, na responsabilidade de uma maior verificação e análise do tema, pois é latente a necessidade do mercado frente às necessidades existentes no meio empresarial. A metodologia aplicada a este estudo foi baseada em uma pesquisa bibliográfica, cujos principais teóricos são, Alberto Chiavenato e Nadia Bossa, e uma pesquisa de campo, em três empresas, de pequeno e médio porte, onde aplicamos um questionário, com dez funcionários, de cada empresa, a fim de obter dados para o levantamento do perfil organizacional, para aplicação da atuação do psicopedagogo frente a essa realidade ocorrida no meio empresarial.


2 O QUE É PSICOPEDAGOGIA E COMO SURGIU?


No século XIX, quando consolida-se o capitalismo industrial, verificou-se uma preocupação com os problemas de aprendizagem. Com o decorrer do final do século muitos doutores e pesquisadores estudaram, debateram e discutiram formas e modelos de como trabalhar e readaptar as crianças com dificuldades na área de educação e em diversas patologias inerentes a cada situação. Foi então que, em 1946, na Cidade de Paris, na Europa, se iniciou os primeiros Centros Psicopedagógicos, unidos por J Boutonier e George Mauco, com direção médica e pedagógica, com conhecimentos da área de Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, que tentavam readaptar crianças com comportamentos socialmente inadequados na escola ou no lar e atender crianças com dificuldades de aprendizagem apesar de serem inteligentes (BOSSA, 2000, p. 36 e 39)

Esta corrente européia influenciou significativamente a Argentina. Conforme a psicopedagoga, Alicia Fernández, as propostas Psicopedagógicas surgiram na Argentina há mais de 30 anos, sendo quase tão antiga quanto a carreira da psicologia, criada em Buenos Aires, sendo a primeira cidade a oferecer o curso. Foi então que outros profissionais, como formação em filosofia, entre eles Sara Paím, viram a necessidade de discutirem a resolução de fracasso escolar, trabalhando a funções egóicas, memória, percepção, atenção motricidade e pensamento. Foi então que com estudos e pesquisas foi produzido uma metodologia sobre a chamada dificuldade de aprendizagem, dando origem à atual psicopedagogia (BOSSA, 2000, p. 40)

Foi na década de 70 que surgiram, em Buenos Aires, os Centros de Saúde Mental, onde equipes de psicopedagogos atuavam fazendo diagnóstico e tratamento. Estes psicopedagogos perceberam, um ano após o tratamento, que os pacientes resolveram seus problemas de aprendizagem, mas desenvolveram distúrbios de personalidade como deslocamento de sintoma. Resolveram então incluir o olhar e a escuta clínica psicanalítica, perfil atual do psicopedagogo argentino (BOSSA, 2000, p. 41)

Na Argentina, a psicopedagogia tem um caráter diferenciado da psicopedagogia no Brasil. São aplicados testes de uso corrente, “alguns dos quais não sendo permitidos aos brasileiros...” (SAMPAIO, 2005), por ser considerado de uso exclusivo dos psicólogos. “Os instrumentos empregados são mais variados, recorrendo o psicopedagogo argentino, em geral, a provas de inteligência, provas de nível de pensamento; avaliação do nível pedagógico; avaliação perceptomotora; testes projetivos; testes psicomotores; hora do jogo psicopedagógico”. (BOSSA, 2000, p. 42).

A psicopedagogia chegou ao Brasil, na década de 70, onde surgiram os primeiros curso de psicopedagogia, para completar a formação dos psicólogos e de educadores, cujas dificuldades de aprendizagem nesta época eram associadas a uma disfunção neurológica denominada de disfunção cerebral mínima (DCM) que virou moda neste período, servindo para camuflar problemas sociopedagógicos. Foram feitos cursos de formação de especialistas em Psicopedagogia na Clínica Médico-Pedagógica de Porto Alegre, com a duração de dois anos, baseado num modelo médico de atuação (BOSSA, 2000, p. 42)

Com a visão de uma formação independente, porém complementar, o Brasil recebeu contribuições, para o desenvolvimento da área psicopedagógica, de profissionais argentinos tais como: Sara Paín, Jacob Feldmann, Ana Maria Muniz, Jorge Visca, dentre outros. (SAMPAIO, 2005).

Nessa mesma década surgiram, em nível institucional, cursos com enfoque psicopedagógico, antecedendo a criação dos cursos formais de especialização e aperfeiçoamento, tratavam de temas como: a criança problema numa classe comum, dificuldades escolares, pedagogia terapêutica, problemas de aprendizagem escolar. Eram oferecidos a psicólogos, pedagogos e profissionais de áreas afins, em busca de subsídios para atuar junto às crianças que não respondiam às solicitações das escolas (BOSSA, 2000, p. 55)

O professor argentino Jorge Visca, como um dos maiores contribuintes da difusão psicopedagógica no Brasil, foi o criador da Epistemologia Convergente, linha teórica que propõe um trabalho com a aprendizagem utilizando-se da integração de três linhas da Psicologia: Escola de Genebra - Psicogenética de Jean Piaget (já que ninguém pode aprender além do que sua estrutura cognitiva permite), Escola Psicanalítica - Freud (já que dois sujeitos com igual nível cognitivo e distintos investimentos afetivos em relação a um objeto aprenderão de forma diferente) e a Escola de  Psicologia Social de Enrique Pichon Rivière (pois se ocorresse uma paridade do cognitivo e afetivo em dois sujeitos de distinta cultura, também suas aprendizagens em relação a um mesmo objeto seriam diferentes, devido as influências que sofreram por seus meios sócio-culturais) (VISCA, 1991, p. 66 apud SAMPAIO, 2005).

Diante deste breve histórico, a psicopedagogia visa estudar o processo de aprendizagem e suas dificuldades, tendo, portanto, um caráter preventivo e terapêutico. Preventivamente deve atuar não só no âmbito escolar, mas também atuando no meio institucional alcançando o desenvolvimento do grupo numa organização, esclarecendo sobre os diferentes papéis, para que possam compreender e entender suas características, suas limitações, seu desempenho, evitando assim cobranças de atitudes ou pensamentos que não são próprios da pessoa. Terapeuticamente a psicopedagogia deve identificar, analisar, planejar, intervir através das etapas de diagnóstico e tratamento. Nas empresas se trabalha as relações hierárquicas, a parceria, como as pessoas se comunicam, o que elas dizem, e o que querem dizer. O ser humano é desenvolvido, a sua relação consigo mesmo e com o mundo, visando a melhoria da empresa como parceira.

A função do psicopedagogo é divulgar o ser competitivo, ambicioso, sem ser grosseiro, ultrapassando os limites da honestidade e do bom senso. Pode ser o dono de uma empresa sem pisar em ninguém, pode ser melhor através de sua ética, de sua moral, da criatividade humana sem se exaltar para os outros trazendo uma concorrência negativa, em fim, é abrir a sua porta e tirar tudo aquilo que atrapalha a convivência e o relacionamento com as pessoas.

O psicopedagogo tem em princípio as seguintes tarefas, descrita por Neide de Aquino Noffs (1995): administrar ansiedades e conflitos, trabalhar com grupos (grupo escolar é uma unidade em funcionamento), identificar sintomas de dificuldades no processo ensino-aprendizagem, organizar projetos de prevenção, clarear papéis e tarefas nos grupos, ocupar um papel no grupo, criar estratégias para o exercício da autonomia (aqui entendida segundo a teoria de Piaget: cooperação e respeito mútuo), fazer a mediação entre os subgrupos envolvidos na relação ensino-aprendizagem (pais, professores, alunos, funcionários), criar espaços de escuta, levantar hipóteses, observar, entrevistar e fazer devolutivas, utilizar-se de metodologia clínica e pedagógica, “olhar clínico”, estabelecer um vínculo psicopedagógico, não fazer avaliação psicopedagógica clínica individual dentro da instituição escolar, porém, pode fazer sondagens, fazer encaminhamentos e orientações, compor a equipe técnica-pedagógica, para tanto, necessita de supervisão e formação pessoal.

Na visão construtivista, constrói-se com o outro, você cresce, o outro cresce e nós crescemos juntos, tendo um crescimento ético e moral. Para um psicopedagogo atuar numa instituição empresarial, não vai ser diferente, ele não vai trabalhar com métodos, estratégias de ensino, e outras coisas mais, que é a função de um pedagogo, assim como os "distúrbios" serão trabalhadas pelo psicólogo, irá trabalhar a pessoa do gerente, que analisando na escola é a pessoa do professor, o que ele tem de melhor, o aqui e agora, é um trabalho de transformação, essa transformação deve fazer com que o gerente não veja que o seu subordinado quer pegar o seu lugar, mas que veja como parceiro, trabalhando em parceria.

Como já vimos, a aprendizagem é o foco central da psicopedagogia, com ela vivemos, refletimos, pois trabalhamos com as diferenças. É o processo de construção da vida humana, que é infinito, ou melhor, só deixamos de aprender quando morremos. Por isso, o psicopedagogo também deve estar preparado para lidar com possíveis reações frente a algumas tarefas, tais como: resistências, bloqueios, sentimentos, lapsos etc. E não parar de buscar, de conhecer, de estudar, para compreender de forma mais completa, entender o grupo de forma geral, de como se formam, como se desenvolvem e se interagem, que é fundamental para o psicopedagogo institucional, algo que ajuda muito na compreensão da postura do psicopedagogo importante para o complemento do profissional, e que está na psicologia social.

Para finalizar, a psicopedagogia tem como seu objeto de estudo, o ser que aprende, e a escuta é o instrumento de fundamental importância para sua atuação, e como diz Nádia Bossa, (...) perceber o interjogo entre o desejo de conhecer e o de ignorar.

3 O QUE É PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL?

Conseguir emprego e manter-se empregado hoje é uma tarefa difícil que assusta muitos brasileiros, pois as mudanças estão acontecendo para o desenvolvimento das organizações. Isso acontece pela imposição do mercado. Desta forma o empregado precisa manter-se em constante formação para se manter nesse mercado de trabalho e o empregador que precisa minimizar custos e assegurar a produção.

No portal de Recursos Humanos, na RH Central Notícias, aborda-se uma nova questão. Alguns estudiosos da área da Psicopedagogia criaram a especialização em Psicopedagogia Empresarial, que é nova no Brasil. Neste portal afirma-se que os primeiros trabalhos nessa área surgiram há apenas cinco anos, no momento em que as empresas começaram a se abrir para as questões da qualidade de vida do trabalhador e para a importância do desenvolvimento das condições humanas, da criatividade e das questões emocionais que favorecem a produção.

Para esses especialistas, o grande desafio no mundo contemporâneo é resgatar uma visão integrada do homem, enfraquecida em função do excesso de especializações, e um dos grandes desafios das organizações do futuro é o de saber usar o conhecimento de cada colaborador, saber somá-los e criar um ambiente completo que lhes garanta o sucesso. (RH CENTRAL DE NOTÍCIAS, 2005)

Observamos que neste contexto a empresa passa a ser, portanto, o vínculo de ensino-aprendizagem com seus os funcionários, formando, em sua individualidade, seres que constróem conhecimentos a partir da realidade da organização com o meio grupal onde está inserido utilizando as práticas para resolução de problemas do cotidiano da organização.

Psicopedagogia Institucional exige do profissional um profundo conhecimento do funcionamento de grupos, do histórico e cultura da organização, como também, o desenvolvimento administrativo, bem como um equilíbrio emocional e um código de ética profissional muito bem elaborado e digerido, pois trabalhar com grupos é estar permanentemente administrando conflitos.

Stewart (1998 apud BEYER, 2003) define o processo de aprendizagem organizacional como uma continuação do processo individual, caracterizando-a como:

[...] capacidade de gerar novas idéias multiplicada pela capacidade de generálizá-las por toda a empresa. A aprendizagem organizacional corresponde, assim, à forma pela qual as organizações constroem, mantêm, melhoram e organizam o conhecimento e a rotina em torno de suas atividades e culturas, a fim de utilizar as aptidões e habilidades de sua força de trabalho de modo cada vez mais eficiente.

Esta é a função de um psicopedagogo institucional, fomentar e avaliar ações quanto à aprendizagem do indivíduo no contexto grupal, facilitando a construção e o compartilhamento do conhecimento coletivo, incentivando novas formas de relacionamentos, criando harmonia entre gestores e colaboradores, podendo atuar junto ao profissional de RH, assumindo um papel importante, avaliando e controlando a aprendizagem, favorecendo a qualidade nos processos de recrutamento, seleção e organização de pessoal, bem como, levantando o diagnóstico organizacional, dando subsídios significativos e perfis específicos, estabelecendo princípios didáticos aos treinamentos. É utilizar possibilidades criativas e eficazes através da reflexão grupal e é assim, conseguir, uma real transformação do indivíduo, e isso é aprendizagem.

É importante destacar que a Psicopedagogia é uma área multidisciplinar, ela, por si só, não atua, dependendo sempre de outras áreas de atuação e trabalhando em parceria com outros profissionais da organização.

4 TRAJETÓRIA EMPRESARIAL X PSICOPEDAGOGIA, DANDO UM SALTO PARA A QUALIDADE DE VIDA NO MEIO EMPRESARIAL


4.1 TRAJETÓRIA DAS ORGANIZAÇÕES

A teoria administrativa já percorreu no século XX várias mudanças e transformações, que pretendemos apresentar de forma sucinta e prática, mostrando a trajetória e abordagem administrativa até os dias atuais.

Com as invenções e aplicações da máquina a vapor, surgiu uma nova concepção e forma de trabalho. Mudou-se toda a estrutura social, comercial, econômica e política, sendo a maior mudança já ocorrida em todo o milênio, o que trouxe uma revolta para os trabalhadores da época, ocorrendo, assim, a primeira Revolução Industrial, com as longas jornadas do trabalho nas minas, como também a Segunda Revolução Industrial, nas linhas de montagem. Com isso, deu-se início à ênfase nas tarefas (atividades executadas pelos operários em uma fábrica), através da administração científica de Taylor. Em seguida, a preocupação básica passou a ser a ênfase da estrutura com a teoria clássica de Fayol e com a teoria burocrática de Weber, que mais tarde tomou o rumo para a teoria Estruturalista. Com a ênfase que era dada às pessoas a reação humanística veio por meio da Teoria das Relações Humanas, que foi desenvolvida pela Teoria Comportamental e pela teoria de Desenvolvimento Organizacional, para o qual as necessidades das pessoas estavam se contrapondo aos resultados obtidos nas organizações. A ênfase no ambiente surgiu com a teoria dos Sistemas, que foi ajustada pela teoria da Contingência. Esta, que por sua vez, desenvolveu a ênfase na Tecnologia. (CHIAVENATO, 2000, p. 8)

Observamos que as mudanças são freqüentes, sempre estamos em fase de transformação para o desenvolvimento da qualidade, por isso vários teóricos desenvolvem fundamentos que viabilizam atividades, serviços em adequação ao ambiente e às tendências do mercado.

4.2 MUDANÇAS ORGANIZACIONAIS

O começo da década de 90 marca o surgimento da Era da Informação devido ao desenvolvimento tecnológico e à tecnologia da informação. Trata-se de um capital intelectual, do conhecimento.

Diante dessa evidência no mercado competitivo verificamos a existência do mercado concorrente e a crescente formação do empreendedorismo, pois, a tendência tecnológica está desqualificando profissionais, que na época eram profissionais de ponta, e que hoje estão defasados. A partir disso, centraremos o nosso estudo na teoria comportamental, para a qual onde o foco são as pessoas numa organização onde a realidade e a tendência mundial estão voltadas à qualificação pessoal, qualidade de vida e inteligência emocional.

Promover mudanças necessárias já é uma questão de sobrevivência. São novas necessidades, novas demandas, pois o perfil dos clientes também alterou, novos concorrentes, tudo pressionando por ajustes e mudanças. Já há alguns anos que existem investidores procurando empresas socialmente responsáveis, sustentáveis e rentáveis para aplicar seus recursos. Essas mudanças não se dão por modismos, mas por uma questão de sobrevivência, pois tudo em volta das organizações está em constante mudanças. Como afirma Jack Welch, ex-executivo-chefe da GE, Se o nível de mudança de uma organização é menor que o nível de mudança externo, o fim está à vista. (apud GESTÃO HOJE, 2003, 430)

Para que esse aprimoramento resulte em uma boa qualidade deve haver uma transformação gradual, visto que pessoas não mudam de uma hora para outra. Com isso, vemos as dificuldades das empresas em qualificar estes profissionais, fazendo com que estes parceiros aprendam com rapidez, agilidade, eficiência e qualidade, na busca dos resultados, visto que são conhecimentos novos e desafios maiores, que ainda estão em fase de estruturação.

Essa dificuldade na adaptação em relação aos funcionários dá-se, até mesmo, por questões como aceitar o medo de várias represarias, como, redução do quadro de funcionários, medo falta de adaptação, mudança de cargo, pois tudo que é novo traz insegurança. Desta forma, uma empresa responsável deve assim fazer com clareza de regras e se propondo a inserção no mercado dos funcionários que serão desligados.

No nível gerencial, os maiores efeitos são da ordem conceitual, pois o reposicionamento dos processos tende a gerar o sentimento de perda de poder ou de controle da situação. Em contra partida, existe aceitação natural, mas o difícil é aceitar discursos nos quais muitas coisas são faladas e poucas são cumpridas, ou se fala hoje e amanhã a informação muda. Isso desestrutura e acaba trazendo confusão e desorganização.

Tantas mudanças, medos, inseguranças e incertezas afetam o rendimento do trabalho, e isso pode ser agravado se a empresa não estabelecer uma relação de clareza e honestidade tanto ao nível gerencial como operacional. A linguagem deve ser clara, posicionando onde a empresa quer chegar, mostrando seus propósitos e objetivos concretos.

Para que a mudança ocorra é necessário que haja uma preparação e explicações claras, honestas e antecipadas, para que cada um conheça o seu papel, os processos que lhe cabem e as regras do jogo. O Primeiro passo para iniciar uma ação de mudança numa organização é demonstrar claramente o risco que a empresa pode correr; o segundo é mostrar a liderança que estará engajada no processo quanto à formação de equipes; o terceiro é deixar bastante claro o projeto e as atividades de mudança, bastante consistentes e o quarto é mobilizar um grupo para constituir o principal dispositivo de avanço das mudanças.

4.3 ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO MEIO EMPRESARIAL

Diante dessa circunstância vemos a necessidade da atuação do profissional psicopedagogo, que juntamente com o profissional de RH, contribuirá para a manutenção de talentos, habilidades profissionais, na busca do conhecimento, suprindo a necessidade de acordo com o perfil de cada empresa, visando sempre melhoria para o resultado final, e de acordo com a consultora de Recursos Humanos da Catho Online, Gláussia da Costa Santos, o profissional só se torna generalista, tendo uma visão sistêmica, dentro da própria empresa. Como afirma o consultor de RH, Marcus Vinicius Pereira de Oliveira, em sua entrevista sobre Mudanças empresariais, “Como consultor, vejo que o grande retorno que o profissional do capital humano pode trazer é a manutenção da estrutura das relações humanas dentro da empresa, permitindo o desenvolvimento organizacional, mediante críticas, alinhado ao desenvolvimento das pessoas (no nível técnico e do auto-conhecimento).

Para ilustrar melhor, quanto ao perfil do corpo de funcionários e sua visão e o comportamento organizacional, em sua gestão, nos dias atuais, fizemos uma simples pesquisa com três empresas brasileiras de pequeno médio e grande porte, com perfis diferentes, que indicaremos como empresa E, empresa B e empresa S, onde fizemos um questionário e entregamos a 10 funcionários de cada empresa, avaliando a motivação, a satisfação profissional e pessoal, as mudanças corriqueiras no setor ou empresa e a capacitação profissional.

Pudemos destacar alguns itens importantes, tais como o índice de mudanças nas empresas, que continua alto, mostrada nas empresas, B e S, com 70% e 50%, respectivamente. O índice de insatisfação profissional está em média 86%, nas três empresas. Podemos destacar também nível de valorização profissional com 80% e o trabalho motivacional que, quase não existe trazendo um índice de 90%.

Com essa breve e simples análise podemos verificar a importância de um acompanhamento para não prejudicar o resultado que a empresa almeja. Mas, atribuir unicamente os problemas ocorrentes ao meio externo, como “minha empresa não investe em mim, por isso fico desmotivado e conseqüentemente não sou bom funcionário”, ou então fazer atribuições decorrentes ao meio interno, “Sou péssimo funcionário e não sei como melhorar, pois quem precisa investir é a empresa onde trabalho”, alto se exclui do ambiente. Esses questionamentos não resolvem o problema, paralisam ainda mais o desenvolvimento de busca de pesquisa e qualificação, que é inerente ao ser humano.

Segundo citação de Dulce Consuelo R. Soares (2007) quanto ao psicólogo social Fritz Heider (1944) , as pessoas tendem a atribuir causas externas ao mau resultado e causas internas ao bom resultado, Pois favorecem o eu profissional, e é isso que muitas pessoas até a fase adulta não desenvolve o auto conhecimento e que muitas vezes levam até a frustração, segue uma frase de Rogério Caldas (2005), que diz: “O atalho é uma tentativa que esconde uma tremenda ilusão; toda ilusão vem carregada de frustração”.

O papel do psicopedagogo, como já vimos, é analisar, assinalar os fatores que prejudicam o bom andamento ou funcionamento na dinâmica grupal em uma instituição, adequando o conteúdo do planejamento da ação pedagógica, bem como das relações interpessoais que se estabelecem no âmbito empresarial.

Faz-se a intervenção de acordo com a finalidade e o objetivo da instituição, partindo da história da organização e características próprias, como também, a verificação das instalações e procedimentos de trabalho, a situação geográfica e relações com a comunidade, as relações com outras instituições, a origem e formação, a evolução, crescimento, mudança, a cultura e tradições, a organização e normas que as regem, sabendo que as mudanças vem acontecendo e acontecem, e acabam sofrendo influências do meio externo que tendem às transformações.

A contribuição que a psicopedagogia faz é levar a vivência da organização ao grupo, tomando como base o desenvolvimento cognitivo para um maior e melhor desempenho onde está inserida, dando importância às atividades e ações, mostrando objetivos, metas e a missão, atuando de forma direta e clara com seus funcionários. Caracterizando um enfoque preventivo, dando sentido ao sujeito na busca do significado da aprendizagem e reflexão de ações assumindo a maturação.

Diante das necessidades expressas e das situações atuais que impedem um bom relacionamento no convívio empresarial, segue abaixo uma sugestão de como se inicia o trabalho psicopedagógico numa instituição, como pressupostos trouxemos um exemplo de uma pesquisa realizada na empresa B, que atualmente não existe um profissional de RH e por uma solicitação de um dos funcionários, diante da situação que se encontra essa empresa no âmbito de relacionamentos entre funcionários, fizemos então um trabalho de diagnóstico para levantamento de dados, pois foi percebido que algo não estava caminhando bem.

4.4 VISÃO DIAGNÓSTICA DOS PROBLEMAS INSTITUCIONAIS

Para exemplificar de forma clara e didática, o processo de ensino e aprendizagem, trouxemos algumas falas de funcionários desta empresa B, onde entregamos um questionário e observamos todo o andamento de suas atividades e relacionamento entre eles no convívio social, e com isso descreveremos a parte prática, pesquisada, e como procederemos no diagnóstico, sabendo que estas informações não estão legalizadas pela organização de psicopedagogia. Lembrando, também, que o profissional não deve atuar sozinho, por si só, e sim interdicisciplinarmente.

Etapas:
1. É relatado ao profissional, psicopedagogo, que existe uma queixa, uma deficiência, que fora identificado no grupo.
2. O profissional verifica e passa a conhecer o histórico, objetivos, missão, e toda a identificação, tanto do layout quanto ao organograma, para o prévio conhecimento da organização.
3. Verbalizar para a equipe de funcionários sobre a atividade que será realizada e sobre a importância desse trabalho para o levantamento de ações, comportamentos, atitudes, que servirão de base para proporcionar a melhoria da qualidade de vida de cada um dando importância ao desenvolvimento das condições humanas, da criatividade e das questões emocionais que favorecem a produção das atividades.
4. O profissional inicia o processo, através da entrevista, com os funcionários. Neste nosso exemplo, como esta pesquisa é, a nível de, estudo, não nos aprofundamos nas técnicas que a psicopedagogia proporciona, pois nossa técnica foi a observação e entrevista, mas em outros casos podemos utilizar as dinâmicas de participação entre os funcionários como técnica para levantamento de dados para um diagnóstico mais completo, sabendo que o sucesso de um diagnóstico não reside no grande número de instrumentos utilizados e sim na competência e sensibilidade do profissional.

Segue abaixo falas dos funcionários da empresa B, seguido de seus respectivos cargos para analisarmos, sabendo que os funcionários não evitaram se expressar através da escrita e isso é bom, pois podemos dizer que os funcionários querem mudança, e esse é o ponto de partida.

• Auxiliar 1 – “O que impede de meu trabalho fluir melhor é o salário que ganho e a distância da minha casa”.
• Auxiliar 2 – “Todos fazem a mesma coisa e ganho menos do que alguns”.
• Auxiliar 3 – “Quem está na liderança da empresa, o diretor, não enxerga as qualidades dos funcionários, só vê e diz os defeitos. Por isso que não há motivação”.
• Auxiliar 4 – “Eu não tenho líder, pois ela faz o mesmo que eu, e quando pergunto nunca sabe responder”.
• Auxiliar 5 – “O maior problema é a falta de reconhecimento profissional, falta de respeito em não ouvir, não acompanhar, não conhece meu trabalho”.
• Auxiliar 6 – “Não acredito em mais nada nesta empresa”.
• Auxiliar 7 – “A diretoria só pensa em consertar algo que ela mesma desconsertou, nada mais que isso”.
• Auxiliar 8 – O que deveria ser melhorado seria um plano de carreira e um trabalho motivacional (não só salarial, mas bate-papo, jogos, etc).
• Auxiliar 9 – “Meu líder não luta pela sua equipe e faz promessas e não cumpre, principalmente em relação aos diretos dos funcionários”.
• Auxiliar 9 – “Meu maior objetivo nesta empresa é adquirir conhecimento”.
• Auxiliar 9 – “Apesar de não ser reconhecida me relaciono muito bem com meus colegas e meu líder direto”.
• Supervisor 1 – “Preciso ser reconhecido na área que atuo”.
• Supervisor 2 – “É muito cansativo ouvir, constantemente, sobre as lamúrias, justificando sua falta de profissionalismo em sua não motivação”.
• Supervisor 3 – “Os funcionários precisam de melhorias e treinamentos, para sua qualificação”.

Lembrando que nesta fase, do momento do questionário, a intervenção já ocorre, pois os questionamentos já trazem a reflexão das condições do trabalho, procurando ampliar o conhecimento a cerca da situação da empresa em pontos positivos que antes só visualizava como negativos e vice-versa e estimulando o trabalho em grupo e a cooperação das tarefas.

5. No levantamento das hipóteses iremos analisar sobre a entrevista e as observações que foram feitas.

Observamos que na maioria das falas, tanto dos auxiliares quanto dos supervisores, predominam o não reconhecimento profissional, por parte da diretoria. O problema sempre está no meio externo, o salário, o incentivo. Todas as ações são voltadas para o de fora para dentro e quase nunca o que você pode oferecer, de dentro para fora.

A obtenção dos dados relacionados aos dois grandes eixos, o vertical (se volta ao passado, sua origem) e o horizontal (a busca centrada no “aqui e agora”, no seu hoje, interagindo com o outro) influenciam sua capacidade de reflexão, quanto à aprendizagem, da criatividade, autoridade, e conquista de sua evolução e construção, trazida da história do passado com a sua atualidade.

Como unanimidade, os funcionários comentaram sobre a falta de incentivo e reconhecimento profissional e isso é algo a ser analisado e passado posteriormente em reunião com a diretoria da empresa.
Essas atitudes, muitas vezes não são percebidas sem que haja uma atividade de reflexão ou interação entre um grupo.

6. Depois que levantamos nossas hipóteses, que discutimos e analisamos a questão, damos início à elaboração do informe e devolução à diretoria.

• Verificamos que seria interessante à empresa transferir às pessoas o autodesenvolvimento e o autogerenciamento para que elas possam assumir o controle de suas carreiras e gerenciar seus próprios conflitos pessoais e profissionais, sendo mais uma competência adquirida e necessária para deslanchar nesse ambiente,contribuindo e fornecendo novos motivos internos e externos.
• Desenvolver uma política de Recursos Humanos como: Avaliação de Desempenho x Avaliação de Cargos e Salários, colaborando com o crescimento do funcionário ou até mesmo o remanejamento daquele para outra área da empresa, emergindo assim seu verdadeiro talento.
• A necessidade de formar liderança capaz de enxergar o novo, onde os funcionários estão vivenciando, instalando a "atividade" suficiente neles, disparando assim a autoridade (autoria / autonomia) a criatividade, e a liberdade, princípios esses que alimentam a Construção do Ser e do Saber, desenvolver e identificar o potencial das pessoas, pois o segredo do sucesso estará cada vez mais nas pessoas.
• Levar á diretoria a reflexão do novo foco nas organizações atuais quanto ao perfil dos funcionários. A manutenção de uma carteira diversificada de qualificações profissionais será o novo diferencial. A empregabilidade (capacidade de conquistar e manter um emprego) deixa de ser vitalícia e fixa para ser temporária e flexível. A segurança no emprego será substituída pela aprendizagem. A organização deixará de ser empregadora para ser cliente. As pessoas deixarão de ser empregados para se tornarem fornecedores de conhecimento para uma ou várias organizações. O velho conceito de emprego passa a ser substituído pelo novo conceito de parceiros ou fornecedores de conhecimento. (CHIAVENATO, 2000)

7. A partir do momento que é coletado todas as hipóteses e materiais inerentes à conclusão o profissional de RH, que conjuntamente pode trabalhar com o psicopedagogo, apresenta os resultados da avaliação à diretoria da empresa.


5 CONCLUSÃO

Se almejamos contribuir para a evolução e a qualidade de vida das empresas e dos funcionários, que estão em constante mudança, desde a Era Fayol até os tempos atuais, precisamos nos qualificar acompanhando o ambiente externo, a Nova Era, a Era da Informação.

As empresas precisam ser capazes de enxergar seus funcionários como parceiros e envolvê-los, em busca dos resultados, mostrando, com clareza e transparência de todas as situações e condições que lhe são impostas. O funcionário deve ser capaz de identificar, interpretar, decifrar todas as condições, ter o olhar global da organizacional para que juntos, gestores e parceiros, possam trabalhar como equipe, onde os setores são diferentes, mas a qualidade e o envolvimento é o mesmo.

Vemos, então, que dentro dessa vivência entra o papel do psicopedagogo onde sugere alternativas de condutas, que não são impostas. Que deverá ter um profundo conhecimento acerca do funcionamento de grupos, bem como, um equilíbrio emocional e um código de ética profissional muito bem elaborado, pois estará constantemente administrando conflitos. Portanto, para que o psicopedagogo conquiste e expanda seu espaço nas organizações será necessário conhecer o mercado, conhecer os empreendimentos da empresa e seus concorrentes, conhecer sua real necessidade diante do mercado competitivo, conhecer tanto o ambiente interno quanto o externo, que é o diferencial competitivo nessa área onde a abertura ao campo da psicopedagogia institucional está se expandindo no meio empresarial.

No exemplo que trouxemos, o estudo do caso da empresa B, constatamos que as mudanças ainda continuam, e é constante. Isso, de certa forma é positivo, e é a tendência, mas quando não desenvolvida corretamente pode agravar o desenvolvimento das atividades.

O trabalho psicopedagógico é importante, pois, visa melhorar as condições de vida da organização, como também, dos funcionários, cujo objetivo principal é a qualificação profissional. Para que uma análise seja feita com ótima qualidade e bons resultados, destacamos algumas premissas básicas, a saber: 1) Ter uma análise continuada pelos próprios profissionais na organização, pois como o objetivo é que se tenham resultados, então as mudanças serão constantes e a análise, conseqüentemente, deverá ser no dia-a-dia de cada funcionários; 2) Pesquisar métodos de intervenção que visem a compreender e trabalhar as dificuldades do grupo em seu cotidiano da organização, sabendo sua cultura social; 3) Revelar ao grupo o nível, que antes estava oculto, de funcionamento para ser despertado para uma nova forma de trabalho, com autonomia, auto-análise e comprometimento. Resumindo a análise, como um todo, assume o papel de mostrar a realidade concreta, mostrando os aspectos positivos ou negativos como um todo.

Nessa Era da Informação está surgindo sociedade do conhecimento e a economia do conhecimento, fazendo com que as organizações assumam um papel de gestores de conhecimento do capital intelectual, como seu mais importante patrimônio.

Diante dos aspectos mencionados durante todo o trabalho pretende-se demonstrar que o psicopedagogo, junto às organizações, está assumindo uma responsabilidade essencial: onde, de uma lado as mudanças quanto à sustentação da empresa no meio das concorrências, sendo que o funcionário, em geral, não é valorizado. Do outro lado, a psicopedagogia, buscando a qualidade de vida, no que tange à aprendizagem em grupo e social, pois o perfil dos funcionários mudou e agora estão em busca de sua qualificação, aprendizagem, experiência profissional, no entanto, como vimos no exemplo da empresa B, a empresa ainda não se atualizou, e é de suma importância para o desenvolvimento dela própria e que, na verdade, com a qualidade de vida de seus funcionários a empresa desenvolverá melhor e conseqüentemente terá bons resultados, mas vimos que ainda não há investimento e a tendência é que essas empresas desapareçam do mercado de trabalho.

No entanto, a nossa esperança é que um novo olhar seja dado aos gestores das instituições empresarias, tendo em vista o psicopedagogo como sendo um instrumento para amenizar os conflitos através da reflexão do saber, e que se torne essencial nas organizações tanto quanto educar alunos em uma instituição escolar, ensinar as pessoas a aprender dentro das instituições.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


AMORIM, Felipe. É importante investir nos talentos para não perdê-los. Jornal A Tarde. 25 fev 2007. Empregos e Negócios. (1ª e 2ª colunas).
BEYER, Marlei Adriana. Psicopedagogia Ação e Parceria. ABPp – Associação Brasileira de Psicopedagogia. São Paulo. Disponível em: <http://www.abpp.com.br/artigos>. Acesso em: 05 maio 2007.
BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
CALDAS, Rogério. A vida é um combate, Sucesso é dor. 42. ed. Recife: Markação, 2006.
CHIAVENATO, Adalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. p. 7, 8, 14.
CONSUELO, Dulce. A empresa e a educação: uma leitura psicopedagógica. Disponível em: < http://www.itquality.com.br>. Acesso em 10 abr 2007.
GESTÃO HOJE. Não espere as pessoas mudarem para fazer mudanças empresariais. Disponível em: < http://hotsparc.hotlink.com.br>. Acesso em: 02 jun 2007.
NOFFS, Neide de Aquino. Entrevista: Palavra de Presidente. Revista Psicopedagogia, São Paulo. Disponível em: <http://www.saps.com.br>. Acesso em: 05 maio 2007.
NOFFS, Neide de Aquino. Entrevista: Palavra de Presidente. Revista Psicopedagogia. 5 set 1995.
PSICOPEDAGOGIA EM SERGIPE. Psicopedagogia empresarial. O portal do conhecimento Sergipano em educação e saúde ambiental. Disponível em: <http://www.psicopedagogiaemsergipe.com.br>. Acesso em: 10 abr 2007.
RH CENTRAL DE NOTÍCIAS. Notícias, central de negócios. O que é a Psicopedagogia Empresarial? Disponível em: <http://www.rhcentral.com.br/noticias>. Acesso em: 05 maio 2007.
SAMPAIO, Simaia. Um pouco da história da psicopedagogia. Disponível em: <http://www.psicopedagogia.com.br>. Acesso em: 10 abr 2007.
VINÍCIUS, Marcus P. Oliveira. Mudanças empresariais. Mercado ainda resiste..... Entrevista realizada por Lorena Amazonas. Disponível em: <http://www.hotelvirtual.com.br>. Acesso em: 02 jun 2007.
WEISS, Psicopedagogia Clínica – uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 12 ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007
CLÉA, Ana Bentes Bezerra. FERNANDES, Virgilina da Silva Batista. Repensando o relacionamento interpessoal professor e aluno no cotidiano escolar. Disponível em: <http://www.psicopedagogia.com.br/artigos>. Acesso em 10 abr 2007.


Léia Maria da Paz Silva
Profissional de administração, assistente de controladoria
Pós-graduanda em Psicopedagogia clínica e Institucional
Tema do trabalho: Psicopedagogia Empresarial
e-mail para contato: leiasilvam@yahoo.com.br



Joao Beauclair
Enviado por Joao Beauclair em 18/10/2008
Alterado em 19/07/2010


Comentários
02/09/2012 00:53 - Gracyane Fonseca [não autenticado]
*COLEGA PSICOPEDAGOGA, RETIFICO. MEUS AGRADECIMENTOS AO PROFESSOR PELO ENVIO DO ARTIGO.
02/09/2012 00:33 - Gracyane Fonseca [não autenticado]
Seu artigo é de muita relevância, professor. O olhar e a iniciativa psicopedagógicos numa empresa são de grande valia!
09/07/2012 08:54 - Simone Barbosa França [não autenticado]
Muito bom o seu artigo. Esclareceu algumas dúvidas que eu tinha! muito obrigada pelo belo trabalho!
30/03/2012 20:22 - Berenice gonçalina [não autenticado]
muito obrigada pelo artigo, me esclareceu algumas dúvidas sobre o assunto,gostaria de fazer uma Pós em Psicopedagogia Empresarial.
22/02/2012 21:58 - Isabel Cristina Barbosa [não autenticado]
Parabéns e muito obrigada! Tenho interesse em cursar uma pós graduação, mas ainda fico na dúvida quanto a Institucional ou Empresarial. Sou formada em letras e pós graduada na área da estética e comestologia. Leciono, porém quero voltar atuar no ramo empresari

Gestão da Correria: consistência nos resultados, redução nos custos e aumento da saúde | Tony Loureiro

Gestão da Correria: consistência nos resultados, redução nos custos e aumento da saúde | Tony Loureiro

Mentoring e coaching na prática


EnviarComentarCompartilharImprimir

Mentoring e coaching na prática

"Estou insatisfeito no trabalho".
"Sinto-me sozinho, sem interlocutor para trocas significativas".
"Tenho a sensação de que estamos perdidos, sem rumo".
"A insegurança parece estar cada vez mais presente no clima organizacional".
"Sinto-me impotente para conseguir o que está sendo cobrado".
Estas são falas comuns no meio empresarial, ora manifestas, ora ocultas, mas sentidas por muitos. São sentimentos individuais e coletivos que estão associados a frustrações, ansiedades, medos, angústias e depressões da vida atual. Muitos profissionais parecem não reconhecer esse estado e vivem na correria desenfreada, com tentativas de acertos e erros. E o pior, os resultados alcançados parecem estar quase sempre aquém dos almejados. Isto provavelmente leva as pessoas a se isolarem cada vez mais, realizando seus trabalhos individualmente. A competição faz parte do dia-a-dia. Na competição, perde-se o sentido das interações com os outros. Por onde anda a cooperação, os verdadeiros trabalhos em equipe, as parcerias que funcionam na prática?
Felizmente, conhecemos casos de conquistas, de esforços conjugados. Dentre as tendências e fatos de mercado e sociedade, observamos quatro em crescimento:
- A cooperação multidimensional, envolvendo o interior e exterior da organização. Há um crescente desejo e uma necessidade de inclusão, seja de áreas funcionais, de processos, de conciliar diferenças.
- O crescimento individual como condição da evolução organizacional. Ambos devem crescer em paralelo com satisfação conjunta. Assim, o mundo micro se associa ao macro e este a um mundo ainda maior. Aplica-se, aqui, o conceito de co-evolução.
- O uso cada vez mais freqüente e competente de projetos: projetos organizacionais, projetos de vida, aprendizagem por projetos e outros. Se há projetos, há sonhos; se há sonhos, evocam-se potenciais.
- A educação continuada e inovadora preparando profissionais para conseguirem ver o mundo que se mostra cada vez mais complexo, diferente da educação tradicional com excessivo foco no texto, nas palavras. As múltiplas linguagens da mídia atestam a necessidade de ver-sentir-mudar em complemento ao paradigma do analisar-pensar-mudar. As tecnologias da informação e comunicação são bem-vindas nesse contexto quando estimulam nossos órgãos dos sentidos a captarem o que passa despercebido em nosso dia-a-dia.
Na emergência destes cenários, percebemos que programas de Mentoring e Coaching vêm ao encontro dessa realidade em transição. Mentoring, nessa perspectiva, pode ser conceituado como processo de apoio desenvolvido por um consultor/mentor com suporte de um time de especialistas a fim de ajudar um indivíduo (mentoreado) a melhor definir seu território, ampliar seu potencial e alinhar suas motivações internas com atividades e projetos que o levarão ao sucesso. Já Coaching diz respeito ao processo diretivo desenvolvido por gerente ou consultor externo a fim de treinar e orientar um colaborador em relação ao seu trabalho, à empresa e aos seus projetos, ajudando-o na superação de obstáculos com impacto em seu desempenho produtivo e inovador.
É interessante notar que tanto Mentoring quanto Coaching têm algo em comum. Ambos possuem como essência a relação interpessoal. Uma análise mais profunda denota o jogo de identidade e alteridade nas relações eu-outro. O outro pode ser visto como aquilo que falta e cuja presença permite a plenitude do eu, evocando situações de comunicação significativa e imprimindo sentido ao que se diz e ao que se faz. O trabalho deMentoring e Coaching, portanto, estimula a reciprocidade entre pessoas na ampliação da percepção, descoberta de soluções, de decisões mais conscientes e de ações mais pertinentes para conseguir o que se busca.
Complementando a abordagem acima, quais são os meios de realização de um programa envolvendo essas duas atividades? Como ocorrem na prática? Aqui estão algumas formas de operacionalização: encontros e diálogos inovadores, visualização de cenas, entrevistas, dinâmicas de grupo, testes vocacionais, estudo da carreira, autobiografia, avaliação e desenvolvimento de competências, gestão de processos, gestão de projetos, análise de cenários, estruturação de situações problemas/oportunidades, mediação de conflitos, práticas de liderança, team building, análise do equilíbrio: família, trabalho, tempo e dinheiro, marketing pessoal, empreendedorismo e vivências alternadas, entre outros.
Empresas ou indivíduos optam por um ou pelos dois modelos conjugados em função de suas prioridades e expectativas de retorno. Os instrumentos e metodologias estão aí. As escolhas se fazem necessárias para se viver experiências marcantes no presente antes que seja tarde.
Palavras-chave: | coaching | mentoring |