quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Os Transtornos Mentais e do Comportamento que Afetam a Atividade Laborativa: uma Análise da Relação do Trabalhador com a Previdência Social Escrito por Maria Emilia de Melo Boto


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Resumo: O presente artigo tem por objetivo realizar uma breve pesquisa sobre os transtornos mentais e do comportamento humano incapacitante para a atividade laborativa. Para isso, utilizaremos a pesquisa básica, exploratória e bibliográfica. Pretendemos apresentar os conceitos teóricos relacionados ao tema da pesquisa situando o transtorno mental como sendo a terceira causa de afastamento do trabalho. Abordaremos a posição da Previdência social diante dos transtornos mentais e os critérios adotados pelo órgão para determinar a existência da psicopatologia, como também, os meios utilizados para afastar o colaborador, observando as diferenças existentes entre os indivíduos. Ainda, o tempo de afastamento ou prazo determinado para favorecer a recuperação do seu equilíbrio psíquico. Pontuando, se os critérios são suficientes para que o colaborador volte a sua função, cargo e atividade totalmente sarado, recuperado e consciente do seu eu e das suas responsabilidades.
Palavras-Chave: trabalhador, transtorno mental, afastamento, critérios, indivíduos.

1. Breve Histórico da Doença Mental

Os transtornos mentais sempre foram considerados como algo distante da compreensão humana e por esse motivo, os ditos “loucos” por anos foram jogados literalmente em asilos juntamente com outros indivíduos que tinham outras questões que não era a de loucura, mas a de problema social, como: mendigos, alcoolistas, desempregados, vagabundos. Finalmente, surgiu a psiquiatria como a área da medicina para que tratasse as pessoas de uma forma mais digna, por volta do século XVIII, com a revolução burguesa de 1789, quando é inserido no contexto social como um problema social. A nação parisiense com 660 mil habitantes na época tinha cerca de 100.000 mil internados, misturados em situações degradantes, que iam da degradação moral a condições sub-humanas de se viver. Os hospitais se tornaram um local de refúgio e de sequestro para essas pessoas enfermas.
Em 1793 o médico Pinel é o primeiro a ser nomeado para cuidar da enfermaria Bicetrê, juntamente com o médico Tuke, local onde se concentrava a maior parte dos pacientes psiquiátricos da época. A primeira intervenção que realizou foi a de separar as pessoas consideradas sãs do ponto de vista mental das que apresentavam a psicopatologia evidente. Providenciando locais como casas de repouso e asilos. Os casos considerados fora dos parâmetros estabelecidos se tornaram definitivamente como problemas de ordem social e que a justiça e a sociedade deveriam cuidar desses casos. Um dos grandes problemas enfrentados por Pinel foi à falta de pesquisas voltadas para essa área, tendo que começar do zero, por assim dizer. A medicina estava aquém do preparo adequado para lidar com essa situação tão difícil. Pinel concentrou-se em três princípios: “O primeiro princípio preconizava isolar o louco do mundo exterior, rompendo com este foco permanente de influência incontrolada que é a vida social”. O segundo propagava a ordem asilar, com lugares rigorosamente determinados, sem possibilidades de transgressão, e o terceiro, uma relação, de autoridade entre o médico com seus auxiliares e o doente a ser tratado. Estes são os pilares básicos de um idealismo que trata igual e moralmente seus usuários. É preciso, portanto para esses enfermos, estabelecimentos públicos e privados submetidos a regras invariáveis de política interior. Estava, portanto instituída a escolha manicômio/hospitalar para o tratamento mental. Contudo Pinel acreditava na reeducação do doente mental.
Outro médico que contribuiu bastante para a desmistificação das doenças mentais foi Sigmund Freud. A sua forma de ter acesso aos sintomas e a busca de seus significados, ajudou a entender os conteúdos inconscientes.
O surgimento da psicofarmacologia e a difusão durante a segunda guerra mundial foi um marco na evolução dos tratamentos psiquiátricos. Abolindo quase totalmente o uso do eletrochoque. Por esse fato, as permanências nos asilos se tornaram efetivamente uma questão política e social.

2. Os Transtornos Mentais e do Comportamento

Os Transtornos mentais e do comportamento que tem como relação o trabalho, são produtos das situações vividas pelo colaborador em seu ambiente laborativo. Podemos ter como exceção a exposição a agentes químicos e/ou tóxicos, nos atendo a articulação de fatos relativos à produção das atividades e tarefas da função ou cargo que exerce como também a divisão das tarefas, hierarquização, política, clima e cultura organizacional. Nos últimos anos se constata um crescente interesse por questões relacionadas aos vínculos entre Saúde/Doença Mental e Trabalho, por conta de um aumento considerável de pessoas afetadas por transtornos oriundos da relação homem x trabalho.
O crescimento das doenças mentais no trabalho e o fato de causar o afastamento do trabalhador é um fato que chama a atenção, não só por parte do governo, mas do ponto de vista Institucional, organizacional e social. Tornando-se mais um caso de saúde pública. Apesar das estatísticas, as lesões, os envenamentos, doenças neurológicas e as do aparelho respiratório, também chamam a atenção, pois afeta também o psicológico das pessoas e contribui no crescimento dos afastamentos na listagem de licenças concedidas (Barbosa-Branco, 2004).

3. Transtornos Mentais Oriundos do Trabalho

De acordo com a matéria da jornalista Giuliana Girardi no estado de São Paulo, as doenças mentais são a terceira causa que afetam o trabalhador e o incapacitam. A maioria das pessoas não percebe que está doente até que a doença se revele num estágio avançado no qual não há alternativa a não ser afastá-la de suas atividades diárias. Nesse momento, a pessoa sofre o impacto de diversas formas, a primeira delas é a instalação da própria doença, a segunda, o risco de não ter o suficiente para se manter como também o sentimento de desvalorização, de menos valia e de incapacidade. “A Organização Mundial da Saúde estima a ocorrência de índices de 30% de Transtornos Mentais menores e de 5 a 10% de transtornos Mentais graves na população trabalhadora ocupada. Estudos de prevalência de Transtornos Mentais menores em grupos de trabalhadores empregados no Brasil têm encontrado prevalência semelhante a essas: metalúrgicos/São Paulo (%) trabalhadores da Saúde/ São Paulo (20,8%); bancários/Rio de Janeiro (25-26%); condutores de trem de metropolitano/Rio de Janeiro (27,5%). Estudos sobre afastamento do trabalho por doença apontam os Transtornos Mentais à primeira causa de incapacidade para o trabalho em relação ao tempo de afastamento.” (DR. SILVEIRA, RIO DE JANEIRO, 2009).
Os transtornos mentais tem sido uma das principais causas de perda de dias de trabalho. Os transtornos menores quatro dias por ano e os transtornos maiores até duzentos dias por ano (Kessler e Ustun, 2004).
Além do que já foi citado há um gasto de sete bilhões e dois milhões em benefícios da previdência com colaboradores acidentados e aposentadorias especiais (dados do Ministério do Trabalho). Já com a perda por acidentes e demais enfermidades que tem sua relação com o trabalho há uma equivalência de até quatro por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
Os fatores de estresse também contribuem para o adoecimento, entre eles podemos citar: sobrecarga de trabalho; organização do tempo no trabalho; nível de participação; possibilidade de desenvolvimento e ascensão da carreira; salários; papel exercido; relações interpessoais; cultura e clima organizacional; interface trabalho/casa (Osha, 2004).
O estresse afeta pessoas diferentes e em níveis diferentes, podendo levar à: violência no trabalho, absenteísmo, queda da produtividade, comportamento aditivo, promiscuidade, compulsão a novas tecnologias, problemas psicológicos como: irritação falta de concentração, dificuldade de tomar decisões, distúrbios do sono, entre outros; Estresse prolongado ou eventos traumáticos podem dar origem aos TM (ansiedade e depressão, etc...).
Por sua vez o estresse afeta também a organização com: Absenteísmo; Rotatividade de pessoal; Problemas disciplinares; Práticas inseguras de trabalho; Desempenho e produtividade diminuídas; Tensão e conflitos entre colegas de trabalho. Prejudicando a imagem da organização e dos trabalhadores, aumentando os processos trabalhistas e ações.

4. Saúde Mental e Produtividade

A saúde mental e a produtividade são questões que sempre estiveram na sociedade, mas de alguma forma delegada ao segundo ou terceiro plano. “Aproximadamente dois terços das pessoas portadoras de doença mental diagnosticável não procuram tratamento. Quando entendem que os transtornos mentais não são o resultado de falhas da moral ou limitações da força de vontade, mas são, antes, doenças legítimas e que são passíveis de resposta com tratamentos, muito do negativo estereótipo que carrega a doença mental termina por ser dissipado.” (Mental Health: A Report from the Surgeon General).
O peso da doença mental na saúde e na produtividade das populações tem sido, há longa data, profundamente subestimado. Dados obtidos através do amplo estudo Global Burden of Disease (A Carga Global da Doença), conduzido pela Organização Mundial de Saúde, Banco Mundial e Universidade de Harvard, revelaram que as doenças mentais, incluindo o suicídio, ocupam o segundo lugar no peso do grupo das doenças que atingem países com economias estáveis, como os Estados Unidos.O amplo e abrangente estudo Global Burden Of Disease avaliou as principais causas de incapacitação (contando anos perdidos de vida saudável). Nos países desenvolvidos, as dez principais causas de anos perdidos nas idades de 15 a 44 anos foram:

(1) Transtorno Depressivo Maior
(2) Abuso de Álcool
(3) Acidentes de Tráfego
(4) Esquizofrenia
(5) Injúrias Auto-Infligidas
(6) Transtorno Bipolar
(7) Uso de Drogas
(8) Transtorno Obsessivo Compulsivo
(9) Osteoartrite
(10) Violência.

(The Global Burden Of Disease" by C.J.L. Murray and A.D. Lopez, World Health Organization, 1996, Table 5.4 page 270)
No Brasil, o auxílio doença por transtornos mentais é a terceira causa de afastamento do trabalho. De acordo com o INSS, o transtorno mental é a terceira causa mais incidente nos requerimentos de auxílio-doença, de uma lista de 17 agrupamentos significativos. Essa doença e as osteomusculares (que se encontra em primeiro lugar) são as que têm mantido curva de crescimento nos requerimentos de auxílio-doença (Boletim da Federação dos Bancários - 2007).
Cito aqui um exemplo de um trabalhador que deu depoimento da evolução de sua doença adquirida através da função exercida no trabalho: Um trabalhador da marinha mercante define seu sofrimento psíquico: “Há proximamente 20 anos, eu ficava observando o pessoal que embarcava comigo e me sentia num manicômio. Criticava o comportamento da maioria de meus colegas e comentava: Fulano de tal é maluco, já viu sicrano? Tem um parafuso a mais, ou seja, o que eu mais via era gente desequilibrada a bordo, principalmente os mais antigos, precisando de ajuda médica. Criticava os comandantes, chefe de máquinas e os imediatos devido a suas atitudes. Com certeza o seu comportamento fugia da normalidade. Conclusão, os anos se passaram aí começaram a criticar o meu comportamento. Muitas vezes vi me chamarem de maluco. Com o passar dos anos me viam assim: O Breno… Aquele cara é doido, falavam assim até para a minha esposa.” “Isso tudo tem a ver com a Fadiga psicológica e mental (termo mais comum, em todo o mundo marítimo, estudado e confirmado pela IMO) que, em parte, na verdade são os Transtornos Mentais Relacionados Ao Trabalho (Que inclui o Sofrimento Psíquico) (Santos, 1999). Essa é uma das doenças ocupacionais reconhecidas pelo INSS.

5. Critérios e Determinações da Legislação Previdenciária Brasileira

O termo: trabalho vem do latim – tripalium e se refere ao local da atividade que o ser humano desenvolve em prol de sua subsistência e, na qual pode lhe proporcionar prazer ou sofrimento. A legislação previdenciária faz uso de modelos de diagnósticos para se adequar à Portaria/MS nº 1339 de 1999, onde consta a lista dos Transtornos Mentais e do Comportamento relacionados ao trabalho. Sendo apropriado o termo NEXO CAUSAL que faz a diferença entre o “dano e/ou a doença e o trabalho”.Os “Transtornos mentais e do comportamento, para uso deste instrumento, serão considerados os estados de estresses pós-traumáticos decorrentes do trabalho” (CID F 43.). O Ministério do Trabalho e o Ministério da Previdência Social reconhecem os Transtornos Mentais advindos da relação do ser humano com o trabalho. Por isso abre precedente para o direito ao benefício acidentário. Dando ao colaborador a oportunidade de afastar-se do trabalho a fim de se tratar.
Estatisticamente no mundo cerca de 5.000 (cinco mil) pessoas falecem diariamente por causa do trabalho. Chegando a um número de 160 milhões por ano no planeta. O que nos leva a pensar que o trabalho para o homem não é apenas sair de casa e passar um horário determinado ou não numa atividade laborativa, é muito mais que isso; faz parte da sua vida vivenciar o trabalho, executar as tarefas, estar numa posição hierárquica dentro da organização, administrar as problemáticas surgidas nesse contexto, além de lidar com a condição para o processo de resistência mental, psicológica e/ou psíquica.

6. Sintomas Frequentes

As pessoas normalmente quando se queixam, os seus sintomas estão relacionados com: dores, formigamento, aperto no peito, mal estar e desânimo, desejo de ver-se livre do confinamento, da sala, do ambiente, das pessoas, da multidão, se sente pesaroso e desconfortável com o fato de “ter” que sair de casa para ir para aquela empresa/órgão/Instituição. Que podem estar ligados à depressão, ansiedade ou estresse. Sintomas como taquicardia, ansiedade, sugerem crise de pânico, agorafobia, excitação exacerbada. Quando sintomas como terror noturno, bruxismo, sensação de ser observado, sensação auditiva, impressão de ver algo ou alguém, ouvir coisas com ou sem significado; revela um quadro bem mais grave, provavelmente direcionados para um surto psicótico. A negação desses sintomas e a negligência em relação aos mesmos provocam a instalação da doença propriamente dita. O sofrimento é inevitável e se estende por muito tempo. Não é como uma fratura que tem tempo para ser curada, restaurada, mas é algo que dói no âmago do ser, reproduzindo agora todo o processo que foi “suportado” durante um bom tempo, só que em forma de dor. 

7. Trabalho e Sociedade

O trabalho para a nossa sociedade serve como um avaliador do processo de integração social do indivíduo. É através do valor econômico que a pessoa demonstra o tipo de sustento, provisão, subsistência para si mesmo e para os que o cercam. Aparece até como um dado cultural, onde o sujeito pode ser o trabalhador (empregado), o comerciante, o empresário, profissional liberal ou numa situação variada da condição de autônomo, mas que é o seu modo de ser ou se apresentar diante dos demais. Nesse contexto, os transtornos mentais e do comportamento são interligados, porque são determinados pelos lugares, atividades, relacionamentos pessoais e relação que mantêm com o trabalho em si. O tempo e a ação do trabalho interferem diretamente na interação do corpo e no psíquico de cada pessoa. Portanto, o ato de trabalhar e a forma de se relacionar com a organização, podem produzir sintomas e provocar lesões biológicas como também reações de ordem psíquica, patogênicas, além de favorecer a formação de processos psicopatológicos. E isso está diretamente ligado às condições do trabalho realizadas pelo trabalhador e se essas condições foram boas ou ruins.
Além da importância que o trabalho ocupa na vida das pessoas, a falta de trabalho também gera sofrimento psíquico. Porque ameaça a subsistência do trabalhador e de sua família, além disso, gera baixa da autoestima, desvalorização do eu, desânimo e por vezes desespero.
Pode-se dizer ainda que o trabalho se faz necessário na dinâmica afetiva que se nos investe outros. Por isso o trabalho satisfatório traz alegria, paz, prazer e gera saúde. Ao contrário disso, se torna fonte de ameaças à integridade do ser humano. Caso aconteçam situações como: fracasso, acidente, mudança de posição (tanto para ascender quanto para descender), não reconhecimento, ameaças, mudanças drásticas na política e no clima organizacional gerando inseguranças; muito provavelmente levará o sujeito ao adoecimento.

8. Conclusão

A constituição Federal promulgada a cinco de outubro de 1988, no seu Art. 196 diz:
“A saúde é direito de todos e dever do Estado garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”
Definem-se serviços de saúde como órgão específico que tem por função a melhoria dos níveis de saúde, seja nas áreas de sua promoção e prevenção, seja nas de recuperação e reabilitação.
Os serviços de saúde abarcam não somente os estabelecimentos hospitalares propriamente ditos, mas, também todos os serviços de assistência medica nutricional, odontológico e farmacêutico.
O setor que cuida da saúde mental do trabalhador é o que mais evidencia a crise estrutural e conjuntural que vive a nação brasileira. Sendo isso demonstrado pela população sofrida, que envelhece antes do seu tempo, com problemas de várias origens como: odontológico, alimentício, habitacional, educacional, que busca nos postos de saúde e órgãos do governo destinados a atender a população carente. O modelo econômico e social dos últimos 50 anos, fez com que o tratamento dos trabalhadores sofra transformações quantitativas e qualitativas, de modo a criar condições insuficientes para o tratamento das pessoas acometidas no seu âmbito de trabalho. As estratégias criadas e seguidas por vários segmentos da sociedade quanto ao tratamento dos empregados, como a desospitalização e a não medicalização, vem para contribuir de forma desfavorável para proporcionar um tratamento eficaz aqueles que necessitam da ajuda Médica e Psicológica, assim como afastamento das suas atividades laborativas. Pode-se dizer que falta muito a se fazer nessa área.


Fonte: http://artigos.psicologado.com/atuacao/psicologia-organizacional/os-transtornos-mentais-e-do-comportamento-que-afetam-a-atividade-laborativa-uma-analise-da-relacao-do-trabalhador-com-a-previdencia-social#ixzz2EDsj95Xr
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O silêncio vale ouro


O silêncio vale ouro

A nova velocidade da comunicação parece exigir respostas mais rápidas. Aí está o perigo

Luiz Carlos Cabrera (redacao.vocesa@abril.com.br)  10/06/2012
Crédito: Ilustrações: Bruno Luna
 - Crédito: Ilustrações: Bruno Luna
Fico encantado com a evolução tecnológica que está criando esta nova sociedade sem fronteiras físicas, espalhada por todo o planeta. Em qualquer lugar, a qualquer momento, você olha em volta e quatro em cada cinco pessoas estão falando ou mandando mensagens ou lendo num aparelho eletrônico. 

Mas, quando se fala do ambiente de negócios, me preocupa a rapidez com que algumas respostas são digitadas e a velocidade com que algumas mensagens circulam pela empresa, impulsionadas pelo comando “responder a todos”. A nova velocidade da comunicação parece exigir respostas mais rápidas. 

Aí está o perigo. Para negociar, apresentar projetos ou contestar argumentos ao vivo e em cores, existem recursos importantes, como a entonação da voz, a pausa e o silêncio. Na comunicação digital essas características se perdem. Uma vez digitada, a palavra esta lá, escrita, indelével e gritante. Numa conversa pessoal, quando se trata de um assunto delicado, o silêncio é um recurso importante para acalmar um interlocutor. Uma pausa na fala pode salvar uma argumentação, pois cria um espaço de reflexão. No ambiente digital não existe o silêncio. 

Claro, você pode adiar a resposta, mas perderá o tempo e o momento da conversa ou da negociação. Minha preocupação é que alguns assuntos não deveriam ser tratados, até a sua conclusão, digitalmente. Precisam do contato pessoal, do olho no olho, da expressão corporal e do uso inteligente do silêncio. Receio que a digitalização maciça esteja contribuindo para o crescimento de um dos pecados que, minha opinião, acabam com a carreira de um executivo: a superficialidade. 

Uma vez tendo recebido a alcunha de superficial, dificilmente o profissional se recupera. Será sempre visto como alguém que “belisca” os assuntos, mas que não contribui para a decisão. Ao responder a e-mails e torpedos de bate-pronto, tentando mostrar rapidez, o profissional causa um dano sério à sua imagem. Pense antes de responder. Faça um silêncio digital, diga que está refletindo e que responderá em alguns instantes. Não se deixe levar pelo impulso da velocidade. 

Não é a agilidade da resposta que ficará marcada para sempre como o seu atributo mais forte, é a qualidade e a profundidade do que você está dizendo. Numa discussão, lembre-se de usar o silêncio para esfriar os ânimos ou para provocar a reflexão. Vai funcionar.


ESTADÃO PME » INFORMAÇÃO » NOTÍCIAS Ensinamentos| 05 de dezembro de 2012 | 6h 30 Dicas de livros que podem ajudam o empresário na hora do planejamento




Planos de negócios, conselhos, exemplos de sucesso. Esses são alguns dos pontos abordados nos livros lançados este ano e que podem ajudar os empreendedores no mundo dos negócios. O livro 'Práticas de Empreendedorismo - Casos e Planos de Negócios', por exemplo, reúne cinco planos de negócios de sucesso e tem o prefácio escrito por Luiza Helena Trajano, presidente do Magazine Luiza. O livro ainda apresenta estudos de caso de cinco empreendedores, como Walter Mancini, que contou sua experiência com dos restaurantes da Famiglia Mancini.
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Outra dica é o livro escrito por Felipe Decourt, Hamilton da Rocha Neves, Paulo Roberto Baldner. 'Planejamento e gestão estratégica', publicado pela FGV Editora, tem como objetivo ajudar os atuais e futuros empreendedores e gestores a formular um planejamento estratégico por meio de conceitos básicos e ferramentas de análise ambiental.
O livro 'Feitas para o cliente - As verdadeiras lições das empresas feitas para vencer e durar no Brasil' reúne depoimentos de 53 CEOs e presidentes que revelam histórias e ideias sobre gestão com foco no cliente e exemplos de decisões que redefiniram os rumos dessas companhias. Já o livro ‘Negócios sem Crise’ é definido como um livro de aconselhamento empresarial e traz uma discussão sobre os temas chaves que devem ser incluídos no estudo de riscos das empresas.

DÁ PARA RENEGOCIAR METAS?


TAMANHO DO TEXTOA-A+
29/11/2012 - POR ROBERTO SHINYASHIKI

DÁ PARA RENEGOCIAR METAS?

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Header - Coluna do Shinyashiki (Foto: Época NEGÓCIOS)
Roberto Shinyashiki (Foto: Marcos Camargo)
Uma das práticas mais disseminadas entre os gestores é rediscutir metas financeiras. Na esmagadora maioria das vezes, para baixo: nunca vi um gerente dizer para seu chefe que a situação econômica melhorou muito e que aquelas metas que ele tinha de cumprir ficaram fáceis demais, era melhor aumentá-las.
O que acontece, em geral, é que os executivos discutem e rediscutem exaustivamente as ações do ano, mas quando percebem que não vão conseguir atingir suas metas eles iniciam uma pressão dupla. De um lado, querem baixar a meta. De outro lado, iniciam um processo de corte de custos para compensar a queda de receitas (e manter o lucro).
Nesses casos, o procedimento correto é fazer uma checagem dos seguintes itens:
1. verificar se os lançamentos de produtos ou serviços foram realizados. Se os projetos não foram realizados, a conversa tem de ser mais profunda.
2. observar se a verba de marketing foi gasta. Muitos presidentes comemoram economia em gastos de marketing, mas não usá-la é um mau sinal. Sem campanhas de divulgação, é pouco provável que as vendas sejam aquelas que se espera.
3. analisar se o cronograma de ações combinadas vem sendo cumprido. Ações atrasadas produzem, na maioria das vezes, resultados fracos. Cumprir os prazos é fundamental para as ações darem o resultado planejado. Os atrasos são um dos maiores cânceres da cultura empresarial brasileira. Um gerente que não consegue fazer o seu departamento funcionar dentro do cronograma precisa de um supervisor para acompanhá-lo de perto.
4. computar a quantidade de ações da equipe comercial. Se eles precisam fazer em média cem visitas por mês para cumprir suas metas, não é aceitável que façam menos visitas.
Há vários outros itens a ser checados, mas esses são os mais objetivos para saber o que está acontecendo de verdade na sua empresa e, portanto, dá para examiná-los rapidamente. Se as ações básicas não vêm sendo feitas, não adianta culpar o ambiente externo (chegou um concorrente novo, o dólar subiu, o mercado mudou...). Se o pessoal não realizou o combinado, dificilmente fará sentido rediscutir as metas.
E aí vem a questão que mais aflige os comandantes de equipes: o que fazer para que as pessoas cumpram o que prometeram?
Aí, a lista de perguntas é menor – mas respondê-las exige um mergulho mais cuidadoso, às vezes com uma sincera investigação da alma.
Primeiro, é preciso conversar sobre as causas da falta de ações. Em geral, um dos motivos mais comuns é falta de compreensão dos objetivos do projeto.
A segunda questão a ser respondida é se as pessoas estão suficientemente capacitadas para os desafios que enfrentam. Também é uma questão mais complexa do que parece à primeira vista. Treinamento é investimento, precisa ser feito na área certa, com as pessoas adequadas, na medida necessária.
Finalmente, é preciso avaliar se as pessoas com quem se conta são as pessoas certas. Elas têm a fibra necessária? Têm disposição e abertura para aprender? Uma conversa desse tipo pode muito bem levar à conclusão de que o que precisa ser mudado não são as metas, mas os buscadores de meta...
Roberto Shinyashiki é palestrante e doutor em administração pela FEA-USP. É também autor dos best-sellers Sem Medo de Vencer; A Revolução dos Campeões; O Sucesso É Ser Feliz; Os Donos do Futuro; Você, a Alma do Negócio; O Poder da Solução; Heróis de Verdade; Tudo ou Nada e Os Segredos dos Campeões

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5 de dezembro de 2012
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05/12/2012 - POR ROBERTO SHINYASHIKI

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O SUCESSO DEPENDE DO QUANTO DE ENERGIA, TEMPO E DINHEIRO VOCÊ INVESTE NAS SUAS METAS

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Roberto Shinyashiki (Foto: Marcos Camargo)
Muitas pessoas querem primeiro ver a fogueira queimar para só então comprar lenha.
Não dá certo. O fogo é o resultado de investimentos. A lenha tem de vir antes.
O sucesso depende do quanto de energia, tempo e dinheiro você investe nas suas metas: Sucesso = x Energia + y Tempo + w Investimento Financeiro. Sendo que nenhuma dessas variáveis pode ser igual a zero.
Se você tiver pouco dinheiro, vai ter de investir mais tempo e energia. Se você tiver muito dinheiro, pode dedicar menos energia e tempo, mas sempre vai ter de dar algum tempo e energia. Só o dinheiro não basta.
Como um bom empresário, você tem sempre que investir tempo, energia e dinheiro para ter sucesso. Só que muitas pessoas querem ver os resultados antes, e só então começar a investir nos seus projetos.
Mas sem investimentos não existem resultados. E isso vale para qualquer setor da vida:
– Se você quiser montar uma carreira de psicólogo, tornar-se um diretor de sucesso ou um empresário poderoso, tem de investir essas três riquezas.
– Ninguém se torna um grande advogado trabalhando nas horas vagas. Ninguém se torna um cirurgião de renome sem muitas horas de prática e investimentos grandes de dinheiro e energia.
– Se você quiser ter um grande amor, tem de investir energia, tempo e dinheiro na relação. Sem os três, um relacionamento pleno não acontece.
– Se você quiser ser amigo dos seus filhos, também tem de investir essas três riquezas. Pais que dão muito dinheiro aos filhos mas não dão a eles um tempo de qualidade criam relacionamentos artificiais.
E você? Está investindo com intensidade para realizar as suas metas?
Roberto Shinyashiki é palestrante e doutor em administração pela FEA-USP. É também autor dos best-sellers Sem Medo de Vencer; A Revolução dos Campeões; O Sucesso É Ser Feliz; Os Donos do Futuro; Você, a Alma do Negócio; O Poder da Solução; Heróis de Verdade; Tudo ou Nada e Os Segredos dos Campeões